O hip-hop quebrou, na manhã de ontem (29), a monotonia no píer do Terminal Náutico da Bahia, no bairro do Comércio, onde os velejadores da Regata Transat 6,50 Charrente Marritime – Bahia 2007, descansavam da travessia do Atlântico.
Quando limpavam os barcos ou realizavam pequenos consertos, eles receberam a visita de surpresa de estudantes do Colégio Estadual Castro Alves, no bairro da Calçada.
O grupo de 12 dançarinas, coordenadas pelas professoras Olenêva Sanches e Silvana Pereira, improvisou um show em uma coreografia montada a partir da letra criada pela aluna Luana Cerqueira, com o objetivo de ajudar a combater o vandalismo.
O navegador australiano Nicolas Brennan, quarto lugar na categoria protótipo da regata, perguntou o que as meninas entre 12 e 17 anos estavam cantando e ficou satisfeito ao saber a tradução da letra Indisciplina é coisa do passado.
Em seguida, Brennan convidou o grupo para subir ao barco Refiki. As estudantes não hesitaram em aproveitar a oportunidade e invadiram a embarcação aos pulos, surpreendendo o australiano pela agilidade.
A professora Olenêva, que ensina matemática, vai aproveitar a vivência no Terminal Náutico da Bahia como motivação para ensinar a conversão de medidas, como milhas náuticas para quilômetros. « Elas são carentes deste tipo de atividade », afirmou.
Já a coordenadora do Complexo Estadual Jequitaia, Silvana Pereira, que teve a idéia de combinar a visita, destacou o fato de o encontro com os navegadores ajudar a elevar a estima de adolescentes, que vivem em área de risco social.
A líder das dançarinas, Taiana Soledade, disse que as colegas se reúnem duas vezes por semana. « Cada vez é na casa de uma e assim a gente vai ficando cada vez mais entrosada e amiga uma da outra », afirmou a estudante da 7ª série.
Amanhã (30) é a vez de os velejadores receberem uma turma do Colégio Estadual Vale dos Lagos, situado no bairro de São Rafael. Os alunos vão participar de um encontro dentro do projeto Label Bleue, cujo objetivo é divulgar a ecologia.

Comunidade
A presença dos estudantes é uma forma de a comunidade baiana se integrar às regatas internacionais, como defende o diretor-geral da Superintendência de Desportos do Estado da Bahia (Sudesb), Raimundo Nonato, o ex-jogador Bobô.
O vice-diretor da Vale dos Lagos, Nelson Portela, passou a manhã de ontem (29) organizando a turma para a visita. Ele acumula a função de professor de Artes Plásticas com a coordenação de 2,5 mil alunos da 1ª a 8ª séries das 24 salas.
Para ele, o projeto em defesa da natureza vai ajudar também a ampliar a diversidade cultural dos alunos. «Eles conhecem regata só por televisão, daí a importância de visitarem a marina, pois só conhecem mesmo futebol e pagode », disse.
O estudante Wagner Vieira está feliz com o fato de ter tido seu desenho selecionado para o Museu Náutico, situado em La Rochelle, além de decorar as velas dos aventureiros do mar.
Vieira gostou do tema O Sol para o projeto que reuniu 84 trabalhos entre 1,5 mil alunos. « Meu desenho é o sol de uma regata, uma bola, tem um xis, como se fosse o raio de sol, e uns efeitos laranjas numa prancha», lembra, puxando pela memória.
A tela foi enviada no início do ano e o aluno disse não ter ficado com uma cópia, daí a dificuldade de lembrar. «Foi tão legal ter participado que pretendo fazer artes visuais na faculdade», disse Wagner Vieira, 15 anos, morador do Conjunto Bosque Imperial.
O colega Daniel de Sena também se sentiu animado com o projeto. «Eu desenhei um sol com uma vela no meio do sol, tinha um mar, também, claro, e usei muito as combinações amarelo com laranja, além do vermelho com verde», afirmou.
O projeto visa estimular a defesa do meio ambiente por meio de desenhos expostos no Conselho Geral, em La Rochelle. As telas auto-colantes de 1,40 por 0,70 metro foram coladas nas velas dos 84 navegadores