A formação de mão de obra foi um dos assuntos que o governador Jaques Wagner destacou durante o seminário ‘Nordeste–Como Enfrentar as Dores do Crescimento’, promovido nesta segunda-feira (25) pela revista Carta Capital, no Recife (PE). Segundo o governador, para dar suporte ao crescimento social e econômico registrado no Brasil, nos últimos anos, o Governo da Bahia está investindo, entre outros segmentos, na formação de mão de obra.

“É preciso esforço fundamental gigantesco, estimulando o ensino médio profissionalizante. A Bahia saiu de 4,5 mil, em 2007, para 60 mil matrículas no ensino médio profissionalizante. Ao longo destes anos, cerca de 15 mil pessoas se formaram no ensino médio profissionalizante. Para isto, fizemos muitas parcerias com organizações sociais e empresas. Precisamos acelerar esta qualificação da mão de obra para aumentar, inclusive, a produtividade”, afirmou o governador.

Segundo ele, nos últimos dez anos, “uma das interrogações que começa a aparecer é a falta de crescimento da produtividade. Não é somente questão de qualificação profissional, mas um problema que deve ser revisitado pelas próprias empresas”.

Infraestrutura

O governador também falou sobre a importância dos investimentos em infraestrutura como uma das formas para amenizar “as dores e desafios do crescimento”. Segundo ele, este é outro aspecto que está sendo priorizado pelo Governo do Estado. Wagner disse que as três maiores ferrovias em construção no país estão localizadas no Nordeste.

“Vou falar pela Ferrovia [de Integração] Oeste-Leste, fundamental para a nossa infraestrutura logística. A presidenta Dilma garantiu também, para Belo Horizonte, Salvador e Recife, outra linha de infraestrutura no seu programa de ferrovias. E nós vamos ter um braço deste programa, que vai ligar Salvador a Feira de Santana e à Transnordestina, em Pernambuco”, afirmou o governador. Ele também defendeu a parceria público-privada para a melhora da infraestrutura portuária.

Segundo Wagner, para o andamento desses investimentos é necessário que seja aperfeiçoada a forma de fiscalização. “A gente tem que ter equilíbrio. Não se pode travar toda hora uma obra, a exemplo da Ferrovia Oeste Leste. Após dez ou 11 meses de discussão, chega-se à conclusão de que a obra deve continuar como estava. O custo deste tempo parado é de R$ 80 milhões, que serão repassados para o Estado. É preciso achar o ponto de equilíbrio entre a necessária transparência e a necessária celeridade para os investimentos em infraestrutura”.

Segurança Pública

A chegada do desenvolvimento trouxe reflexos na área da segurança pública, de acordo com Wagner. “As drogas são responsáveis por 75% dos homicídios na Bahia. Aumentaram o mercado consumidor e o poder aquisitivo, alcançando inclusive este mercado indesejado”. Segundo ele, o Governo do Estado está obtendo êxito no combate à violência, com o programa Pacto pela Vida. “Em janeiro deste ano, houve redução significativa dos crimes contra a vida na Região Metropolitana de Salvador [RMS] e em Feira de Santana”.

Durante o evento, o governador também defendeu a união dos estados nordestinos para o crescimento da região. “É preciso acabar com a competição nordestina e ter um ambiente de parceria e de compromisso com o Nordeste. Pensar o Nordeste como um todo é fundamental para que cada estado possa crescer”.

Ele disse ainda que o Brasil vem passando por um crescimento que não era esperado. “As dores do crescimento são as dores de um país que não imaginava crescer tão rápido. Agora, temos que tomar cuidado para não retroceder”. Segundo Wagner, o maior entrave para o desenvolvimento do Brasil ainda é o tamanho da desigualdade social. “Vamos acabar de trazer os últimos 2,5 milhões para a renda mínima de R$ 70, mas isto é apenas o começo. Somos uma democracia muito jovem e estamos no mais longo período de estabilidade democrática no Brasil, desde que viramos República”.

Brasil sem Miséria

Ele ressaltou que a Bahia tem 14 milhões de baianos, vivendo em 417 municípios, 60% deles no semiárido. No foco do programa Brasil Sem Miséria, de 15 milhões de brasileiros, 5,6 milhões estão no Nordeste, dos quais 2,4 milhões na Bahia. “Éramos um estado com 2,15 milhões de analfabetos. Já alfabetizamos um milhão de baianos”.

Para o governador, “não podemos deixar este foco retroceder, porque o foco no social, nos programas de distribuição de renda, de transferência de renda, como o Bolsa Família e o Benefício de Prestação Continuada, é um valor nosso, como é o combate à inflação. É a nossa responsabilidade social na questão das desigualdades. É o resgate da cidadania brasileira combinada com a nossa pujança”.