O incremento do turismo entre a Bahia e os Estados Unidos, com ênfase na questão da etnia afro e na flexibilização na concessão de vistos, está entre as perspectivas de negociações abertas com a visita a Salvador da subsecretária de Comércio norte-americana, Ana Guevara. Ela esteve reunida ontem (2) com o secretário do Turismo do Estado, Domingos Leonelli, e a presidente da Bahiatursa, Emília Silva, quando foi feita uma exposição sobre propostas e realizações nas áreas do turismo estabelecidas pelo governo estadual.

A visita de Ana Guevara visou principalmente as ações que o Departamento de Comércio do seu país pode implementar para promover o aumento do fluxo de viagens para o Brasil. Outro objetivo é uma avaliação concreta das oportunidades de investimento de empresas norte-americanas na região. A subsecretária esteve acompanhada da cônsul comercial dos Estados Unidos, Camile Richardson, que justificou sua presença afirmando que apoiará os esforços no sentido da concretização dessas metas.

Apenas três horas depois de pisar pela primeira vez o solo da Bahia, Ana Guevara revelou entusiasmo pela paisagem e a hospitalidade da terra. Na sua opinião, trata-se de um estado com grande potencial turístico, daí o interesse do seu país em manter intercâmbios no setor. Um dos primeiros passos nesse sentido é o esforço que vem sendo feito pelo embaixador Clifford Sobel, que já conseguiu dobrar o número de vistos emitidos no Brasil nos últimos anos. “O serviço consular está recebendo recursos de Washington para aumentar a capacidade de processar com agilidade os pedidos”, disse.

Para Ana Guevara, a Bahia é perfeita para desenvolver o turismo étnico afro e leva uma vantagem natural ao competir com outros destinos. “Apóio e vou encorajar a iniciativa do secretário Domingos Leonelli”, destacou, afirmando que verificará nos Estados Unidos quais tipos de ação poderão colaborar com a Secretaria do Turismo da Bahia nesse campo.

“Estamos dando conseqüência econômica à nossa iniciativa do turismo étnico e esse fato representa uma possibilidade concreta de trazermos não só o turismo norte-americano como também investidores”, destacou Leonelli. Com essas iniciativas, o secretário acha que serão criadas mais facilidades para o fluxo entre a Bahia e os Estados Unidos.

Segundo ele, um dos efeitos imediatos da visita está na realização de encontros em Washington e em Salvador para facilitar o fluxo de investidores para o Brasil. “A presença de Ana Guevara abre, enfim, uma porta entre a Bahia e os Estados Unidos. Pode-se até avaliar a possibilidade de ampliação da estrutura do consulado norte-americano para a Bahia, que, aliás, já foi objeto de conversações entre o governador Jaques Wagner e a Embaixada dos Estados Unidos”, afirmou.

Ampliação dos vôos

Ana Guevara revelou que o embaixador Sobel está em negociações com a ministra do Turismo, Marta Suplicy, para verificar como poderia ser ampliado o número de vôos para o Brasil. Como já existe um acordo bilateral entre os dois países, onde todas as posições de vôos já estão ocupadas, tem que se buscar uma exceção em função de um novo vôo.

Para a presidente da Bahiatursa, as dificuldades para os norte-americanos obterem autorização para vir à Bahia prejudicam o fluxo turístico. “Para um norte-americano vir ao Brasil deve usar o visto em, no máximo, 90 dias, o que dificulta o processo, além do pagamento de uma taxa muito alta, fazendo com que opte por outros destinos”, observou.

Presente ao encontro, a deputada Lídice da Mata, presidente da Comissão de Turismo na Câmara Federal, disse da importância da visita de Ana Guevara, “porque foram discutidas medidas que podem ajudar as relações Brasil/Estados Unidos quanto à flexibilização do visto do nosso país para os EUA”.