A chegada da família real portuguesa ao Brasil completa 200 anos em janeiro de 2008. Embora o destino original fosse o Rio de Janeiro, a frota chegou à Bahia em 1808, por força de uma tempestade. Para comemorar a data, uma comissão foi instalada pelo governador Jaques Wagner no último dia 28 para definir a programação festiva do bicentenário, com destaque para três marcantes realizações do príncipe dom João VI na Bahia: a abertura dos portos às nações amigas, a criação da Faculdade de Medicina da Bahia e a fundação da Biblioteca Pública do estado. A comissão, que vai funcionar como um grupo executivo, inicia os seus trabalhos essa semana.

O grupo executivo é coordenado pelo professor Ubiratan Castro, presidente da Fundação Pedro Calmon. “Vamos definir a programação e apresentar propostas de eventos”, explicou ele. Denominada inicialmente de Escola de Cirurgia e primeiro estabelecimento de ensino superior do Brasil, a Faculdade de Medicina da Bahia deverá inaugurar seu novo espaço físico na ocasião das comemorações. O prédio, localizado no Terreiro de Jesus, está passando por obras de recuperação, incluindo sua biblioteca, dotada de milhares de exemplares.

Há ainda propostas de shows. Segundo Ubiratan Castro, o secretário da Cultura, Márcio Meirelles, deverá produzir um encontro musical entre a cantora baiana Maria Bethânia e uma fadista portuguesa. A Associação Comercial da Bahia, fundada em 1811, também planeja atividades especiais, assim como a Biblioteca Pública, que na época de sua criação, significou a possibilidade de difusão de idéias filosóficas e políticas.

A comissão irá funcionar como um grupo executivo e terá participantes da Assembléia Legislativa, do Tribunal de Justiça (TJ-BA), da prefeitura de Salvador, da Universidade Federal da Bahia (Ufba), do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia (IGHB), do Consulado de Portugal e da Associação Comercial da Bahia. Alguns nomes já foram indicados – Paulo Costa Lima, presidente da Fundação Gregório de Mattos (prefeitura), desembargador Gérson Pereira dos Santos (TJ-BA), professora Consuelo Pondé de Sena (IGHB), professor José Tavares, diretor da Faculdade de Medicina (Ufba) e o cônsul de Portugal, João Sabido da Costa. A Assembléia Legislativa e a Associação Comercial da Bahia ainda irão indicar seus nomes.

A família real portuguesa passou 27 dias na Bahia. A vinda ao Brasil, com a transferência da corte portuguesa, foi decorrente da pressão política e da expansão napoleônica na Europa, o que tornava inevitável a invasão de Portugal. Assim, o Brasil e a Bahia conheceram personagens históricos importantes, como o príncipe dom João VI, sua mulher, a princesa Carlota Joaquina, e sua mãe, dona Maria, rainha de Portugal, além dos príncipes dom Pedro I e dom Miguel, que chegaram ao Brasil ainda crianças.