Depois de mais de um ano e meio interditada pela Codesal por risco de desabamento, a Igreja do Santíssimo Sacramento e Santana, construída no século XVIII no bairro de Nazaré, está finalizando a reforma e será reaberta no dia 21 deste mês.

A reforma, que inclui a restauração de todo o telhado e a instalação de um sobreforro, está sendo viabilizada com a liberação de R$ 500 mil pelo Fundo de Cultura, da Secretaria da Cultura (Secult). Ela vai permitir a estabilidade e a conservação do monumento, que é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

A obra total está orçada em R$ 800 mil, dos quais R$ 500 mil foram garantidos pelo Estado, via Secretaria da Cultura, e os R$ 300 mil restantes pelo Iphan. Os serviços incluem a recuperação da cúpula e das esquadrias de vidro, a troca de telhas e de ripas de madeira, além de outros serviços.

“Estamos programando a reabertura da igreja para o dia 21, porque os festejos em homenagem a Nossa Senhora Santana são comemorados no dia 26”, afirmou o administrador da Paróquia de Santana, padre Abel Pinheiro.

Segundo ele, a igreja precisou ser fechada em outubro de 2005, quando parte do forro do coro desabou durante a celebração de uma missa. “Nenhum fiel ficou ferido, mas tivemos que passar todas as atividades para o Convento do Desterro e a Igreja da Palma. A paróquia ficou desarticulada e o atendimento social foi prejudicado”, disse.

Padre Abel explicou que a paróquia beneficiava 1,2 mil pessoas por mês com atendimento médico, odontológico e jurídico e, depois do fechamento, este número caiu para 750.

Construída em 1760, a Igreja de Santana compõe o conjunto barroco da Bahia e foi a primeira do estado a ser erguido com material e tecnologia 100% brasileiros. O monumento deu abrigo aos que lutaram contra a Coroa Portuguesa pela independência do Brasil.

No seu cemitério estão enterrados os restos mortais da heroína da independência baiana, Maria Quitéria. A igreja também serviu de moradia para Irmã Dulce, que era devota de Nossa Senhora de Santana e nesse período despertou sua devoção à Igreja Católica.

Verba para projetos

De janeiro a junho deste ano, a Secretaria da Cultura liberou, via Fundo de Cultura, mais de R$ 2,1 milhões referentes a projetos de manutenção e recuperação de equipamentos culturais, produção de eventos artísticos, edição de livros, realização de espetáculos, entre outras atividades.

Desse total, quase R$ 600 mil foram destinados à manutenção de espaços importantes, como o Theatro XVIII, Academia de Letras da Bahia, Instituto Geográfico e Histórico da Bahia, Teatro Vila Velha, Fundação Anísio Teixeira, Fundação Hansen Bahia e Núcleo de Incentivo Cultural Santo Amaro.

Outros R$ 274 mil foram liberados para a recuperação do Cine-teatro Rio Branco, mantido pela Fundação Vampeta no município baiano de Nazaré, a restauração do Santuário do Bom Jesus dos Navegantes, na Diocese da Barra, em Salvador, e a ampliação do Museu Abelardo Rodrigues, que ganhará novas instalações.

O superintendente de Promoção Cultural da Secretaria da Cultura, Paulo Henrique de Almeida, disse que o Fundo de Cultura financia integralmente ou em parte projetos que, apesar de importantes para a cultura do estado, teriam dificuldades para obter patrocínio.

Transparência e diversificação

Almeida afirmou que estão abertas as inscrições para o Fundo de Cultura, ressaltando as mudanças realizadas para proporcionar mais transparência e maior diversificação na distribuição dos recursos. Entre as novidades, está a verba específica para a manutenção de grupos de teatro e dança, assim como para projetos na área de cultura digital.

O Fundo de Cultura conta este ano com R$ 30 milhões, dos quais 25% são para o Fundo de Participação dos Municípios (FPM) e 75% para os projetos aprovados pela Comissão Gerenciadora do Fundo de Cultura. Os interessados podem obter mais informações pelo telefone (71) 3116-4027 ou pelo site www.cultura.ba.gov.br/fomentoacultura.

O superintendente declarou que a Secretaria de Cultura está abrindo um fórum de discussão com artistas, produtores e gestores para criar um novo modelo para a política de fomento à cultura no estado, a ser implementado em 2008. “A partir desses debates, a secretaria pretende reformular as leis que regulamentam o Faz Cultura e o Fundo de Cultura para, em seguida, apresentá-las para aprovação da Assembléia Legislativa”, disse.