O povo baiano provou, mais uma vez, que é o dono da festa da Independência da Bahia. Foram os estudantes, as crianças, as famílias e os moradores das ruas entre a Lapinha e o Centro Histórico, por onde passa o cortejo, que deram o tom festivo ao desfile do Dois de Julho. Inúmeras fanfarras e grupos musicais, assim como tipos populares com fantasias originais, ajudaram a transformar o desfile cívico num verdadeiro Carnaval, ao qual não faltaram confetes, papel picado, bandeirolas e a batida percussiva e ritmada de bandas, charangas e grupos afros.

A cabocla e o caboclo foram aplaudidos por milhares pessoas que participaram da festa. Manifestações populares como os Encourados de Pedrão (cavaleiros trajados de vaqueiros com roupas de couro) também atraíram a atenção de populares. Por todo o percurso a população acenava com bandeiras do estado e do país.

Para tornar a festa ainda mais bonita os moradores das ruas entre a Lapinha e a Praça Municipal capricharam na decoração das fachadas de suas casas. Menos pelo concurso promovido pela Fundação Gregório de Matos e mais pela vontade de referenciar os heróis baianos que tornaram efetiva a independência do país do domínio português.

O concurso vai premiar os imóveis mais bem decorados para as comemorações do 2 de Julho. Os critérios principais são a criatividade e originalidade da ornamentação, que deve ressaltar a importância histórica e cultural do desfile. O julgamento leva em conta as casas localizadas no trajeto do cortejo, da Lapinha ao Centro Histórico. Os prêmios serão de R$ 1 mil, R$ 800 e R$ 500 para as três melhores fachadas.

Morador da Soledade há oito meses, Onofre Ferreira, 72 anos, enfeitou sua casa com as cores da bandeira baiana e brasileira e em um pequeno palco colocou seus 10 netos vestidos de índio. “Isso é para homenagear o povo brasileiro que no Dois de Julho é representado pelos índios. É obrigação do povo deixar essa festa forte e viva”, disse.

Dona Maria Santos, 89 anos, fez, esse ano, um esforço maior. Não decorou apenas a fachada de sua casa. Ela aproveitou para fazer uma cabana para abrigar uma réplica do caboclo e da cabocla. “Decoro a minha casa há mais de 20 anos. É um prazer ver as pessoas pararem para observar e tirar fotos”, disse.

Claudinéia Santana já venceu o concurso de fachadas quatro vezes. Agora não quer mais concorrer. “A intenção agora é fazer uma homenagem à Bahia e a minha mãe que faz aniversário hoje”, contou. Sua família mora no Centro Histórico há 30 anos e desde 1992 ornamenta a casa para a festa.