O desfile em homenagem à Independência da Bahia, criado em 1823 por populares, continua a atrair a atenção de pessoas de todas as idades. Para as crianças, a data é um momento de se aproximar mais da história. “Fiz questão de trazer minha filha para ela ter contato com a nossa história e ver que a luta da independência começou aqui. Enquanto ela não entende isso muito bem, pode ver a festa e os personagens”, disse o hoteleiro Mauro Pestana, que levou a filha Brenda, 6 anos, para assistir ao cortejo.

A esteticista Cíntia Soares levou as filhas gêmeas, Bruna e Brenda, 4 anos, para apreciar o desfile. “Falta conhecimento histórico ao povo. Nem todo mundo sabe a importância dessa data, por isso é bom que as crianças aprendam a importância para poder preservar”, afirmou.

Fã do corneteiro Francisco Lopes, que tocou a melodia militar correspondente à ordem de ‘avançar, degolar’ quando havia sido instruído para fazer o contrário, Wagner Araújo, 82 anos, levou ao desfile uma placa explicando o feito de Lopes. “Foi ele que nos deu a vitória”, afirmou.

Por todo cortejo o que não faltam são pessoas com a fantasia dos heróis da guerra da Bahia, onde brilhou o heroísmo popular, além de lideranças como General Labatut, Lima e Silva, João das Botas, Maria Quitéria, entre tantos outros.

Os índios, símbolos do povo brasileiro libertado, se espalham por todas a ruas. No cortejo oficial eles estão representados pelo Grupo Cultural os Guaranys, criado há 40 anos. Liderados por Hildo Peixoto, eles fazem referência à Independência de Itaparica, conquistada em 7 de janeiro de 1823.

Dona Edith Souza, 70 anos, se vestiu de verde e amarelo para homenagear Maria Quitéria. Este é o quinto ano em que ela participa da festa. “Maria Quitéria foi muito forte. Todo ano eu faço essa homenagem a ela. É um jeito de não deixar ela ser esquecida”, afirmou.

À frente do desfile, os Encourados de Pedrão, com seus homens vestidos em roupas de couro e montados em cavalos, relembravam a ajuda que os tropeiros liderados pelo Padre Byrne deram para consolidar a Independência da Bahia. Logo atrás, seguiam os herdeiros diretos do general de Labatut, os militares das Forças Armadas. Seguidos por oficiais da Marinha. A Polícia Militar, além de cuidar da segurança e organização da festa, participou de todo desfile.

Durante todo o percurso, os integrantes do cortejo foram saudados com fogos, palmas e chuvas de confetes pela população que se aglomerava ao longo das calçadas, sacadas e janelas, muitas decoradas com motivos que lembravam os símbolos máximos do Dois de Julho.

Na Rua Direta de Santo Antônio, já no centro Histórico, uma multidão aguardava a passagem do cortejo com “chuva” de confetes. Ao passar o carro da Cabocla, todos tentavam a qualquer custo segurá-lo para fazer promessas ou agradecer à entidade pelas conquistas obtidas. Uma delas, a aposentada Maria de Lourdes dos Santos, percorreu todo o trajeto com a mão direita posta sobre o carro. "Quero saúde ", disse.