Com um movimento de R$ 25 milhões em negócios e uma produção de 4 mil toneladas de mel por ano, a Bahia está articulando uma estratégia destinada à conquista da liderança do ranking da apicultura do Nordeste. Trata-se do Programa de Desenvolvimento Estratégico de Apicultura, criado pelo Governo do Estado, por meio da Secretaria da Agricultura. Hoje, a Bahia é o terceiro produtor de mel, atrás somente de Piauí e Ceará.

A iniciativa, divulgada esta semana em Porto Seguro durante o IV Congresso Baiano de Apicultura, é voltada à adoção de modernas técnicas de manejo adequadas a cada região, ampliação do acesso às casas de mel e diversificação da produção. O encontro é uma realização da Secretaria da Agricultura do Estado (Seagri), em parceria com Confederação Brasileira de Apicultura e da Câmara Técnica de Apicultura da Bahia.

Mais de 500 pessoas, entre técnicos, produtores familiares, especialistas e estudiosos do segmento apícola, participaram do encontro no Centro Cultural e de Eventos de Porto Seguro. Com o tema Cooperar para Competir, o evento enfocou a construção coletiva e o fortalecimento das entidades representativas estaduais, no sentido de ampliar ações para melhorar a qualidade e adequar a produção aos mercados consumidores.

O Estado quer inserir 10 mil apicultores no Estado e promover um cadastramento para estudo da cadeia produtiva do mel, apoiando projetos e iniciativas de incremento da produção. As ações integram o programa Sertão Produtivo, desenvolvido pela Superintendência de Agricultura Familiar (Suaf), para desenvolvimento das principais cadeias produtivas do Semi-árido baiano, aperfeiçoando os sistemas de policultivos verticalizados, ampliando a produção e gerando renda.

Para a engenheira agrônoma da EBDA e coordenadora Estadual de Apicultura, Vandira Pereira, o emprego da mão-de-obra familiar no manejo dos apiários representa uma atividade de produção de alimento e remédio, fonte de renda e preservação ambiental para as famílias envolvidas. “O mel produzido na Bahia é um produto orgânico de qualidade superior, de grande aceitação no mercado internacional devido às suas propriedades de sabor, aroma e cor exclusivos e por não possuir aditivos químicos ou conservantes”, avalia.

Mercado

Atualmente na Bahia existem 5.800 apicultores, 195 mil colméias e um total de 127 associações apícolas e 13 cooperativas. O Nordeste baiano já comercializa o produto para o exterior, de maneira indireta, através de São Paulo, Santa Catarina, Minas Gerais, Ceará e Paraná.

Dentre os maiores produtores da região se destaca o município de Ribeira do Pombal, sede de uma central de cooperativas, uma cooperativa singular e três associações de apicultores, estando no ranking nacional como um dos principais produtores do país, segundo o IBGE.

Além do mel, que representa 85% dos subprodutos apícolas no mercado, foram apresentadas no evento as alternativas e técnicas para o aumento da produção de própolis, cera e pólen para atender às exigências do mercado, sobretudo da indústria farmacêutica no uso terapêutico, produção de medicamentos e de cosméticos. Esses subprodutos já têm agregado valor e ampliado a renda dos apicultores familiares, principal mão-de-obra na apicultura.

A venda direta ao varejo também é um diferencial atrativo. “Com a venda de 1quilo de pólen, o produtor recebe, em média, R$ 30, mas se ele vende ao varejo, recebe R$ 70 por quilo”, informou o consultor do Sebrae e membro da Câmara Técnica de apicultura, Marcos Dantas.

O pólen é um produto nutritivo dotado de notáveis propriedades profiláticas e terapêuticas. É rico em aminoácidos essenciais, favoráveis ao crescimento e tem grandes propriedades reguladoras dos processos vitais.