Mesmo bem colocada no ranking nacional de recolhimento de embalagens de agrotóxicos, a Bahia tem problemas com o seu destino final, porque cerca de 50% dos agricultores de assentamentos rurais ainda incineraram embalagens vazias.
Para combater essa prática, a Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab) se reuniu na terça-feira (28), na sua sede, em Ondina, com representantes da Superintendência de Agricultura Familiar (Suaf) e da Coordenação de Desenvolvimento Agrário (CDA), órgãos da Secretaria da Agricultura (Seagri), e do Instituto Nacional de Processamento de Embalagens (Inpev).
Segundo o diretor de Defesa Sanitária Vegetal da Adab, Cássio Peixoto, o desafio será dar o destino correto para os agrotóxicos obsoletos e impróprios ao segmento da agricultura familiar. “Isso não ocorre apenas na Bahia. É um problema nacional”, afirmou.
“Entre os resultados, espera-se garantir a saúde da população rural e urbana, reduzindo o impacto ambiental causado pelo descarte de embalagens vazias de agrotóxicos no meio ambiente, uso racional e seguro desses produtos, bem como métodos alternativos de controle de pragas”, explicou Peixoto.
Foram discutidas no encontro as formas para amenizar a situação e como buscar parceiros na sensibilização para a importância do projeto, porque a incineração traz riscos à saúde e prejuízos ao meio ambiente.
Dentro das propostas da Adab estão a intensificação da fiscalização do recolhimento de embalagens vazias, o incremento das ações de educação sanitária e a inclusão da coleta itinerante das embalagens de agrotóxicos vazias junto aos agricultores de base familiar e aos produtores localizados nos assentamentos rurais e reservas indígenas.

Preocupação

A maior preocupação da Adab é que o estado tem uma população rural de 4,6 milhões de habitantes, considerada a maior do Brasil, o que equivale a cerca de 30% da população baiana, além de ser o nono colocado em consumo de defensivos agrícolas no país.
A soja e o algodão são os grandes vilões quanto ao uso dos defensivos agrícolas – o consumo gira em torno de 7,7 mil e 1,5 mil toneladas por ano. Entretanto, um dado que chamou atenção foi de que a cultura do fumo consome 2,5 toneladas, considerado alto, porque essa cultura é predominantemente de base familiar, realizada em pequenas propriedades do Recôncavo.
No primeiro semestre deste ano, o projeto Campo Limpo recolheu cerca de 900 toneladas de embalagens de agrotóxicos vazias no estado, o que representa um crescimento de 43%, enquanto que o país teve um aumento de 15%.
O Brasil é o líder mundial no processo de destinação de embalagens, sendo referência mundial. A Bahia se destaca na terceira colocação, ficando atrás apenas de São Paulo e do Mato Grosso do Sul.