Em 11 de julho, a Organização das Nações Unidas (ONU) celebra o Dia Mundial da População. De acordo com estimativas da ONU, a população mundial em 2007 é de 6,6 bilhões de pessoas. Mais de um terço desse contingente vive em apenas dois países: China (1,33 bilhão) e Índia (1,13 bilhão). O Brasil, com 191 milhões de habitantes, está entre os três seguintes países mais populosos do mundo, atrás dos Estados Unidos (304 milhões) e da Indonésia (228 milhões).

Para marcar a data, a Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), da Secretaria do Planejamento (Seplan), analisou dados de população do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) sobre o estado e verificou as principais mudanças que vão ocorrer no perfil populacional da Bahia nos próximos anos.

Hoje, a Bahia é o estado mais populoso do Nordeste e o quarto do país, abrigando 27,1% da população nordestina e 7,5% da brasileira. São 13,8 milhões de habitantes (2005). Em 2020, os baianos devem somar 15,6 milhões.

Apesar do crescimento, as mulheres baianas tendem a ter menos filhos. Considerando o ritmo atual de declínio da fecundidade, em 2010, a taxa será de 2,05 filhos/mulher – média abaixo do nível de reposição da população (2,1). Em 2030, as mulheres baianas terão, em média, menos de dois filhos (1,9 filho).

A conseqüência positiva é a redução da razão de dependência, de 80% (1991) para 55,2% (2005) e será de aproximadamente 50%, em 2020. Para cada 100 baianos em idade ativa (potencialmente produtivos) existirão cerca de 50 crianças e idosos.

“A força de trabalho crescerá mais rapidamente que a população que depende dela e com isso haverá mais recursos para investimento na economia e no bem-estar das famílias – no caso, é claro, da existência de políticas adequadas”, disse o diretor de Pesquisas da SEI e diretor da Associação Brasileira de Estudos Populacionais (Abep), José Ribeiro Soares Guimarães.

“Essa conjuntura é extremamente favorável para o aumento da produtividade econômica, porque também estão crescendo os níveis de escolaridade e a entrada de mulheres no mercado de trabalho. Essa é uma ótima chance para esclarecer que não há e nem teremos nenhum risco de explosão populacional e que, muito menos, a principal causa da pobreza e da violência é o crescimento populacional”, alertou Ribeiro.

No que tange à estrutura etária, a tendência ao envelhecimento da população começa a assumir grande visibilidade. “Acho que um importante serviço a ser prestado à população e aos gestores é chamar a atenção de que essas irreversíveis mudanças demandam, com urgência, rever o planejamento das políticas públicas. Infelizmente, pouca gente sabe disso e incorpora essas tendências no planejamento”, disse o especialista.

A idade mediana da população do estado aumentou 5,5 anos num intervalo de 14 anos. Em 1991, a idade que dividia a população em dois contingentes iguais era de 18,5 anos. Em 2005, já alcançava 24 anos. As projeções populacionais elaboradas pelo IBGE/UNFPA/SEI indicam que, em 2020, a Bahia contará com aproximadamente 1,65 milhão de idosos, o que corresponderá a 11% da população estadual.

A esperança de vida dos baianos deve ser de 77,4 anos, em 2030. As mulheres vão superar a barreira dos 80 anos (80,7 anos), enquanto os homens vão viver, em média, 74,2 anos.

“Diferente do que ocorreu nos países desenvolvidos, o envelhecimento populacional no Brasil, assim como em vários outros países em desenvolvimento, ocorre com bem mais rapidez e num contexto socioeconômico desfavorável, marcado por baixas taxas de crescimento econômico, crise fiscal do estado, elevados níveis de desigualdade social, permanência de desafios sociais básicos (analfabetismo, saneamento, habitação, pobreza) e carência de instituições devidamente consolidadas”, explicou Ribeiro.

Políticas para idosos

O incremento contínuo da proporção de idosos representa um importante desafio para o processo de elaboração de políticas públicas. Na saúde, por exemplo, apenas 15% da população de 1,28 milhão de baianos com 60 anos e mais de idade era coberta por um plano de saúde. A existência desse expressivo contingente de idosos sem plano de saúde (1,1 milhão ou 85% do total) incorre numa forte pressão sobre o serviço público.

Segundo as últimas informações da Pesquisa de Assistência Médico-sanitária do IBGE, em 2005, existiam apenas 71 geriatras na Bahia perante o total de 6,3 mil estabelecimentos de saúde existentes no estado, sendo que apenas 13 geriatras estavam diretamente vinculados ao serviço público.

Ribeiro informou que o setor privado apresenta timidez em relação ao mercado consumidor de bens e serviços para a população idosa. “Alguns segmentos do setor empresarial e dos investidores ainda desconhecem o significado efetivo do processo de envelhecimento populacional e as diversas oportunidades de negócio que daí decorrem”, disse.

Ele citou o setor imobiliário, turismo, lazer e entretenimento, saúde, serviços de proximidade, educação, serviços financeiros, tecnologia e mercado editorial como nichos potenciais.