Uma demonstração de como deve ser a escola: viva e formadora de cidadãos. Esse foi o exemplo que tivemos ontem (28) à tarde através de ação desenvolvida por cinco turmas do terceiro ano do ensino médio do Colégio Estadual Raphael Serravalle. Para discutir o aquecimento global, cerca de 300 estudantes mobilizaram todo o colégio, pesquisaram e mostraram que é viável expressar o desejo de aprender em atos de ação efetiva e de interação com diferentes públicos.
Por meio de distintas linguagens e formas de abordagem, orientados por visão multidisciplinar fomentada pelos professores, os alunos apresentaram não apenas o conhecimento considerado necessário para combater as causas do aquecimento no planeta, mas demonstraram ser capazes de tornarem-se agentes multiplicadores.
“É na escola que tudo se começa. Tudo o que é inovador nasce nas escolas. Podemos conscientizar muitas pessoas, e esperamos que essas iniciativas se expandam”, ressaltou a aluna do 3º ano H, Tatiane Andrade, que desenvolveu um interessante e irônico monólogo.
Durante as duas primeiras unidades, os alunos realizaram seminários e tiveram aulas específicas para debater as causas do efeito estufa e do aquecimento. “Nós aprendemos de que forma podemos ajudar para conter o avanço desse problema. Os professores de química e biologia nos explicaram as formas de conter as emissões de dióxido de carbono. Os professores apoiaram a todo momento”, exemplificou a estudante Isabela Almeida, que ainda interpretaria uma peça para falar do tema. Diversidade
Os alunos desenvolveram diferentes plataformas para tornar mais familiar todo o processo de aprendizagem, geralmente causador de estranhamentos. Num desfile onde foram os modelos, apresentaram possibilidades de destinações mais saudáveis e criativas para o nosso lixo. Além de muito “frisson”, os modelos trajavam as provas de que muito mais pode ser tirado de pedaços de papel, canudos plásticos e sacos de alinhagem, entre outros materiais. Fizeram moda.
Através de jornal impresso, os alunos do 3º ano I trouxeram outro aspecto para a discussão: o aquecimento do planeta pode tornar mais graves os casos de epidemia de doenças como dengue e febre amarela. Alertaram que o aumento de temperatura ambiente interfere do processo de eclosão dos ovos do mosquito Aedes aegypti, transmissor das doenças. A mesma equipe realizou também vídeo no qual demonstrava quais seriam os resultados do aquecimento – tufões, tempestades e elevação do nível do mar – mostrando quais países seriam submersos, de acordo com os mais recentes estudos.
O diretor da unidade, o professor Ramilton Cordeiro, disse que os alunos foram ainda responsáveis por integrar nas ações de ontem à tarde todos os demais estudantes dos períodos matutino (ensino fundamental) e noturno. Desenvolveram inclusive um site (EuPossoMudaroPlaneta.com.br), através do qual os estudantes de outras séries puderam interagir e acessar as discussões através da internet.
“Quando se trabalha com projetos, o aprendizado é muito melhor. Os alunos produzem e aprendem muito mais”, destacou o diretor. O professor de Geografia, Edmar Abbud, ressaltou a importância de recorrer a temas que façam o aluno questionar e pesquisar. “Demonstramos que é possível construir uma escola de qualidade. Tudo com boa vontade é possível”, comentou.