O tempo médio que os estudantes baianos levam para cursar uma série está entre os maiores do país – um ano e meio. Este é um dos agravantes que contribuem para os desastrosos resultados que o estado apresentou no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), que avalia o desempenho e o rendimento escolar do aluno por meio da Prova Brasil.
Contra a média nacional de 3,9, a média da Bahia foi 2,6. A meta do Ministério da Educação (MEC) é elevar a média nacional para 6 em 2021. Mas para chegar a esse resultado, o presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Reynaldo Fernandes, defende que, mais do que esforços das três esferas de governo, é fundamental que toda a comunidade escolar esteja envolvida no processo “e atue como co-responsável nas transformações empreendidas por uma educação de qualidade”.
O assunto foi discutido hoje (29), durante a videoconferência O Ideb e a Educação na Bahia, realizada pela Secretaria da Educação (SEC) no Instituto Anísio Teixeira (IAT). O evento contou com a participação do secretário da Educação, Adeum Sauer, do diretor de Avaliação da Educação Básica do MEC, Amauri Gremaud, e da superintendente de Acompanhamento e Avaliação da SEC, Eni Bastos, entre outros.
Divulgado este ano, o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica aponta a Bahia como o estado que apresentou a maior quantidade de municípios com notas mais baixas: 205. O município com pior desempenho foi Maiquinique, com 0,69, ficando na frente somente de Ramilândia, no Paraná, cujo índice foi de 0,3.

Esforço

Diante dos números que colocam a Bahia entre os estados com os piores índices no setor, o secretário disse que o Ideb é um instrumento importante como sinalizador das ações que devem ser empreendidas na política educacional. “Estamos fazendo um grande esforço para mudar a política educacional no estado. Há muitos anos, o foco foi o ensino, e agora o nosso foco será o aprendizado”, avaliou.
Nos dados do último Ideb, realizado em 2005, a Bahia obteve nota 2,6 na primeira e na segunda fase do ensino fundamental e 2,7 no ensino médio, números que estão aquém da média nacional.
Mais do que representar os resultados dos alunos, afirmou Sauer, os índices refletem as deficiências do sistema escolar como um todo. Ele destacou que é com base nesses indicadores que a SEC tem pensado e pontuado ações que tem como foco transformar essa realidade.
“A Bahia quer e irá avançar. Só com bons resultados educacionais iremos alcançar o desenvolvimento do estado. Os resultados que temos hoje não fazem jus a um direito garantido por lei, que é a educação”, declarou o secretário.

Desafio

Segundo o presidente do Inep, chegar à média 6 é uma proposta audaciosa. No entanto, o MEC abraçou esse desafio e vem efetivando ações para alcançá-lo. Entre elas, colocou consultores à disposição dos municípios que obtiveram os piores índices na última avaliação e, depois de diagnosticado o problema, vai disponibilizar recursos para saná-lo.
“O Ideb é um índice que para mudar um pouquinho é difícil. Por isso, esse compromisso deve chegar na família e em todos os envolvidos com a educação”, destacou Fernandes.
No âmbito da SEC, a coordenadora de Avaliação, Diana Pipolo, informou que a secretaria já refletiu sobre esses indicadores e está elaborando propostas e projetos coletivamente com outras superintendências que possam contemplar a melhoria do processo educacional na Bahia.
Outro instrumento que será utilizado, disse, serão as Diretorias Regionais de Educação (Direcs). Na concepção da SEC sobre o papel das Direcs, estas perdem a função meramente burocrática para assumir uma postura efetiva no processo de gestão pedagógica das escolas.