“Para sair do ciclo da pobreza, é preciso alfabetizar a população”, afirmou hoje (20) o secretário estadual da Educação, Adeum Sauer, durante o I Encontro Regional do Programa Todos pela Alfabetização (Topa), em Ilhéus. A Secretaria da Educação tem como meta alfabetizar pelo menos um milhão de baianos com idade superior a 15 anos até o final da gestão, sendo cem mil até o final deste ano. Sauer enfatizou, diante público de cerca de 500 pessoas, que a alfabetização deve ser encarada como meio para a democracia e para a inclusão social.
O encontro, realizado no auditório da Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc), abriu oficialmente o calendário de reuniões regionais, previsto para acontecer amanhã (21) em Vitória da Conquista, quarta-feira (22) em Feira de Santana, quinta (23) em Cruz das Almas (23) e, sexta-feira (24), em Salvador. O objetivo é integrar parceiros, socializar ações e promover diálogo com outros segmentos da sociedade organizada para unir esforços em torno do programa.
Apesar de ocupar a sexta posição entre os estados brasileiros no ranking nacional da economia, é na Bahia onde se registra o maior índice absoluto de analfabetismo do país. São 2,1 milhões analfabetos com idade superior a 15 anos, o que representa, segundo o IBGE (Censo 2005), 18,8% da população do estado nesta mesma faixa etária. Os idosos estão no centro desta preocupação das autoridades baianas. O índice de analfabetismo entre os que têm mais de 50 anos é de 42,7%.
“O nosso desafio é também inserir idosos, porque a educação é um direito de todos e não prescreve com a idade”, disse a coordenadora do Topa no estado, Francisca Eleni Alves. “Nós estamos numa sociedade globalizada, de intenso fluxo de comunicação. Mas ainda há pessoas que não dominam os códigos elementares da escrita, uma dívida social histórica que estamos começando a resgatar”, completou Adeum Sauer. Para o secretário estadual da Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária, Geraldo Simões – que também participou do ato – a equipe do governador Jaques Wagner vai trabalhar em conjunto para que o estado deixe de ostentar o título de campeão nacional do analfabetismo.
Nesta primeira etapa, que vai começar em setembro, o governo previa atender a 100 mil baianos. Mas a procura superou a meta. 296 mil pessoas inscreveram-se no programa. Para atender a este público, o governo já conta com a parceria de 354 dos 417 municípios baianos e mais 160 entidades ligadas aos movimentos populares. As universidades baianas farão a capacitação dos alfabetizadores. Na reunião da Uesc, os movimentos populares foram representados por artistas, índios Tupinambá e Pataxó Hã-Hã-Hãe, Movimento Negro Unificado, Associação dos Municípios da Região Cacaueira da Bahia (Amurc), clubes de serviço e ONGs, a exemplo do Grupo de Apoio e Prevenção a Aids (Gapa).
O Pró-Reitor de Extensão da Uesc, Raimundo Bonfim, destacou que o combate ao analfabetismo é uma forma de inclusão social auto-sustentável. “É uma rica possibilidade do cidadão caminhar com dignidade, com as próprias pernas”. A meta do governo da Bahia é ir além da alfabetização e encaminhar, pelo menos, 60% do público beneficiado pelos programas regulares do ensino fundamental para o de Educação de Jovens e Adultos (EJA). Para isso, vai investir R$ 370 milhões até 2010.
A coordenação do programa já realizou reuniões técnicas com as Direc de todo o estado para definir estratégias de atuação. Na 6ª. Diretoria Regional de Educação (Ilhéus), com abrangência em outros sete municípios do sul da Bahia – Arataca, Uruçuca, Canavieiras, Itacaré, Una, Santa Luzia e Mascote – já foram cadastrados 355 professores e 4.300 alunos, distribuídos em 16 entidades.
O número surpreende antes mesmo de as prefeituras regionais apresentarem o seu cadastro definitivo. “O diferencial do Topa é que ele tem um viés de participação popular, busca criar cumplicidade entre governo e movimentos populares”, explica o professor Edinei Mendonça, diretor regional.