Cerca de 1.500 pessoas, representando 380 municípios e 160 entidades que aderiram e pactuaram metas do programa Todos Pela Alfabetização (Topa), fizeram um pacto contra os índices de analfabetismo que envergonham a Bahia. Esse foi o melhor dos resultados dos Encontros Regionais do Topa, realizados de segunda-feira até hoje (24) em Itabuna, Vitória da Conquista, Feira de Santana, Cruz das Almas e Salvador.
As aulas do programa iniciarão em 17 de setembro e seguem até março do ano que vem. Hoje, a superintendente de Desenvolvimento da Educação Básica, Ana Maria Teixeira, reafirmou, durante encontro realizado no Museu de Ciência e Tecnologia da Uneb, em Salvador, que o Topa é um programa prioritário da Secretaria da Educação e do governo.
O calendário de aulas do Topa respeitará as cadeias produtivas de cada região. Nas regiões cacaueira, no sul do estado, e do café, região de Vitória da Conquista, há solicitação para que as aulas respeitem os períodos sazonais de trabalho, os tempos de plantio e colheita, por exemplo. Essa será uma preocupação para com a maioria dos povos do campo.
A assessora da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Estado da Bahia (Fetag), Ediane Nascimento ressaltou que a maioria dos analfabetos da Bahia está no campo. “Por isso estamos aqui prontos para ajudar. Temos mais de duas mil turmas de pessoas inscritas que esperam ser alfabetizadas”, relatou.
“Causa-nos um constrangimento muito grande o índice de analfabetismo da Bahia. É uma mancha que nos envergonha”, declarou a superintendente Ana Maria Teixeira. Ela ressaltou a participação das universidades nesses esforços pela alfabetização. “O conhecimento produzido deve ser revertido para a melhoria das condições de vida da sociedade”, complementou a vice-reitora da Uneb, Amélia Teresa.
A pró-reitora de Extensão da Uneb, Adriana Mármore, lembrou do compromisso institucionalmente assumido pela universidade, que se dispôs a cumprir pelo menos 50% da meta de alfabetizados nesses quatro anos de Governo. E salientou que a alfabetização não pode se resumir apenas à aprendizagem das letras, mas como ponto de partida para o preparo de cidadãos ativos que construam conhecimento e possibilidades de mudança social. “Os sujeitos precisam ter consciência do seu papel na sociedade”, disse a pró-reitora, para quem a educação é caminho para a formação desses cidadãos.
A secretária da Educação de São Sebastião do Passé, Adilza Carolina, representante da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação, ressaltou que cabe ao Estado e aos municípios imprimir total esforço para reduzir os índices de analfabetismo de forma urgente e drástica. “O conceito de nosso estado remete a uma grande força cultural, mas temos dados de analfabetismo que são uma vergonha”, comentou. O prefeito de Curaçá, Aristóteles Loureiro, espera que os prefeitos baianos sigam seu exemplo e “topem” também. “Fui um dos primeiros a topar”, salientou.
Mobilização – O coordenador de Mobilização e Articulação Política do TOPA, Jonas Nascimento, disse que a concepção do programa foi ampliada durante os encontros, já que foi possível a contribuição de representantes de municípios e entidades das diversas regiões do Estado. Jonas Nascimento ressaltou que em muitas localidades baianas as demandas não são apenas por educação. “As pessoas querem que essa conquista do direito à educação venha também acompanhada da conquista de outros direitos. Muitas pessoas carecem de registro civil, muitos precisam de óculos para acompanhar as aulas. Alimentação escolar e transporte são outras demandas freqüentes que detectamos”, conta.

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