Na cidade de Senhor do Bonfim, o XV Rally Internacional dos Sertões encerrou hoje (15) sua passagem pelo interior da Bahia com os únicos representantes do estado na briga pelas primeiras posições. Gaúchos de nascença e baianos de coração (moram na cidade de Luís Eduardo Magalhães há 21 anos), os irmãos João Antônio Franciosi e Ubiratan Francisco Franciosi competem na categoria carro e vêm demonstrando garra e perseverança, mesmo com as adversidades inerentes à disputa.

Atual campeão do Rally dos Sertões (1º lugar na classificação geral e na categoria carro em 2006), João Antônio enfrentou problemas mecânicos em seu veículo antes da chegada à Bahia e caiu para o 3º lugar, enquanto Ubiratan ocupa a 18ª posição. Para ambos, a luta continua. “Estou atrás da vitória. É difícil, mas não impossível. Vou lutar até o fim”, disse João Antônio Franciosi, que participa do terceiro rali consecutivo. Ubiratan, por sua vez, está em seu primeiro rali.

Correr pelo sertão baiano é uma emoção muito forte para os irmãos Franciosi. “Muita gente torce por nós e isso nos deixa muito felizes, pois foi essa a terra que escolhemos para viver”, disse João Antônio, que elegeu Luís Eduardo Magalhães como morada porque a agricultura local surgiu com força na época.

Em relação aos demais participantes, a etapa de hoje não apresentou novidades na classificação geral. Na categoria moto, o paulista José Hélio Gonçalves Rodrigues Filho continua em primeiro lugar, embora sua vantagem sobre o segundo colocado, o francês Cyril Despres, tenha caído para 13 minutos, 45 segundos e 50 centésimos. Já na categoria carro, os curitibanos Maurício Neves e Clécio Maestrelli ampliaram a vantagem sobre os paulistas Reinaldo Varela e Marcos Macedo e estão agora 25 minutos, 8 segundos e 40 centésimos na frente.

Amanhã (16), o Rally segue para Aracaju e finaliza em Salvador na sexta-feira. Em Senhor do Bonfim, conhecida como a capital baiana do forró, uma ampla estrutura foi montada no Parque de Exposições da cidade para receber os competidores. De Lençóis, último ponto do território baiano por onde o Rally passou, até lá, foram 478 quilômetros, incluindo trechos com várias nascentes de rios na região serrana próxima a Bonfim.

Situado numa região de forte calor e pouca incidência de ventos, o município conta com vários atrativos naturais, a exemplo da Reserva Florestal do Grunga, com 1125 quilômetros quadrados que se estendem ao longo da Serra do Espinhaço. Até Aracaju, serão mais 486 quilômetros numa etapa considerada travada, com o piso prejudicado, trechos de pequenas serras e alguns pontos muito estreitos, exigindo cuidado e baixas velocidades.

Muitos moradores de Senhor do Bonfim e cidades vizinhas levaram suas crianças para ver a competição, como o aposentado Gilberto Elias da Silva, 65 anos, que saiu do município de Andorinhas, onde mora, para ver o Rally em Senhor do Bonfim, após duas horas de viagem. Com ele, estava o afilhado Vitor, de 4 anos. “São máquinas tão bonitas que só de olhar vale a pena”, resumiu seu Gilberto.

Já o operador Sandro Gomes de Araújo, 30 anos, levou o filho Alexsandro, 4, para ver a chegada das motos e dos carros. Foi a primeira vez que ambos viram uma competição como essa de perto. “Embora o São João daqui seja muito bom, a cidade é carente de grandes eventos. Assim, não poderia deixar de vir olhar essa corrida que atrai gente até de fora do país”, falou Sandro.

Localizado no norte da Bahia e pertencente à bacia hidrográfica do Itapicuru, o município de Senhor do Bonfim tem cerca de 56 mil habitantes e se consolidou ao longo dos anos como um dos principais centros da região, polarizando localidades como Campo Formoso, Jaguarari, Pindobaçu, Itiúba, Antônio Gonçalves, Ponto Novo, Umburanas e Filadélfia. Uma das principais atividades comerciais da cidade é a feira livre, considerada a maior do estado e a segunda do Nordeste. Também figuram como atividades econômicas importantes o comércio, a pecuária, a extração mineral e a agricultura, especialmente pelo cultivo de mamona, mandioca, feijão, milho, cana de açúcar e frutas.