O agricultor e presidente da Cooperativa Agropecuária de Canudos, Uauá e Curaçá, Valdivino Rodrigues, depende do que oferece a terra do semi-árido para sobreviver e sustentar seus seis filhos. “Nos meus 38 anos de vida, percebo que as chuvas, que eram poucas, mas regulares, entre os meses de dezembro e março, reduziram muito na região. Na última temporada, só teve uma grande chuva, em fevereiro”, disse.

A Bahia é o estado brasileiro com maior percentagem do seu território no semi-árido (62%). Segundo dados do Ministério do Meio Ambiente, até 2050 esse número pode subir para 80%. Para evitar isso, está sendo realizado até amanhã (21), na Fundação Luís Eduardo Magalhães (Flem), o I Seminário Internacional de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca. No evento, serão traçadas as linhas de atuação do Programa de Ação Estadual de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca.

O programa será voltado para impedir o avanço do processo de desertificação principalmente no extremo oeste e na região semi-árida do nordeste da Bahia. Outro objetivo é reverter os núcleos de arenização e desertificação que já se encontram em municípios como Uauá, Euclides da Cunha e Alagoinhas.

“Em Canudos e Uauá, já temos lugares onde só há areia e cascalho, sem nenhuma vegetação”, informou Valdivino. Ele destacou que várias comunidades da região estão sendo abandonadas. “Os moradores vão buscar melhores oportunidades nas cidades, onde também passam necessidades, por falta de emprego”, disse.

Ele espera que a partir do seminário sejam tomadas providências, como regularização fundiária, prestação de assistência técnica e construção de poços, barragens e aguadas.

Segundo o diretor-geral da Superintendência de Recursos Hídricos (SRH), Júlio Rocha, são justamente essas providências que sairão do evento. “Para erradicar a pobreza, estamos buscando alternativas para o acesso à água, condições de melhorias econômicas, a exemplo de arranjos produtivos locais, entre outras”, afirmou.

Rocha lembrou que para isso participam da conferência a Organização das Nações Unidas (ONU), a Organização dos Estados Americanos (OEA), os governos estadual e federal e outras instituições, como o Sebrae, além da própria sociedade.

“Na questão ambiental, precisamos recuperar grandes áreas degradadas, encontrando saídas sustentáveis também para a subsistência das comunidades e que substituam a exploração do carvão, muito nociva para o meio ambiente”, declarou.