Por sua história e tradição, a cidade de Cachoeira, no Recôncavo, foi escolhida para a assinatura do convênio entre o Governo do Estado e o Ministério do Turismo, destinando R$ 1.245.200,00 para o Programa de Ação do Turismo Étnico Afro da Bahia. Em meio aos festejos da Irmandade de Nossa Senhora da Boa Morte, o governador Jaques Wagner e a ministra Marta Suplicy assinaram o convênio para atender, principalmente, aos turistas afro-descendentes de vários países.

O Programa de Ação do Turismo Étnico Afro da Bahia foi destacado pela ministra, ao justificar o investimento do Governo Federal neste segmento. Para ela, a Bahia é o coração do Brasil, em termos afros, e é necessário trabalhar para desenvolver o desejo do turista negro conhecer as suas raízes.

Lembrando a grande demanda desse tipo de turismo, o governador afirmou que o objetivo é investir cada vez mais nesse segmento, ampliando a visão do turismo. “A Bahia é plural e tem muito a oferecer ao país e ao mundo”, disse, destacando a história e a tradição, a exemplo da secular festa da Irmandade de Nossa Senhora da Boa Morte, da cidade de Cachoeira.

O convênio vai possibilitar o investimento em pesquisas, para a elaboração de políticas públicas voltadas para o turismo étnico afro, alem de ampliar os contatos com representações de empresários afros, para a construção de pousadas e hotéis voltados para esse segmento do turismo.

Antes de chegar à sede da Irmandade da Boa Morte, a ministra percorreu, com o governador e a primeira dama, Fátima Mendonça, várias ruas da cidade e ao chegar para a solenidade garantiu que o Ministério do Turismo vai investir mais recursos na recuperação de prédios e casarios de Cachoeira.

Centenas de pessoas acompanharam a solenidade de assinatura do convênio, que contou também com as presenças dos secretários do Turismo, Domingos Leonelli, da Cultura, Márcio Meirelles, do prefeito de Cachoeira, Fernando Antônio da Silva Pereira, dentre outras autoridades. O governador e a ministra participaram ainda da missa festiva em louvor a Virgem Maria, na capela da casa da irmandade.

Acompanhado de vários turistas norte-americanos, o professor de Antropologia da Universidade de Nova York, Davis Earl, elogiou a preocupação do governo com o turismo étnico afro e se disse orgulhoso de conhecer Cachoeira e a Irmandade da Boa Morte, desde 1986, o que já possibilitou a vinda de mais de 70 outros turistas dos Estados Unidos, para conhecer a história e a tradição da secular festa do Recôncavo.

A Irmandade de Nossa Senhora da Boa Morte é formada por mulheres negras e mestiças com mais de 40 anos, representando uma tradição de 235 anos. Juíza Perpétua da Irmandade, Estelita Santana, de 101 anos, lembrou que a confraria católica comemora o passado e o futuro, embalados pelo amor a Maria. Com 65 anos de irmandade, Estelita é uma das 22 irmãs que ainda mantém a tradição, ao lado de mais sete noviças. A mais velha do grupo é Narcisa Cândida da Conceição, Dona Filhinha, com 104 anos.