Cristópolis e Cotegipe, no extremo oeste da Bahia, podem ter uma das maiores colheitas de alho dos últimos anos. Com 140 hectares plantados, a estimativa da safra deste ano é de mais de mil toneladas, alcançando oito toneladas por hectare. Nesses municípios, em 2003, a safra foi de apenas 360 toneladas – uma produtividade de três toneladas por hectare.
O avanço na produção de alho é resultado do apoio técnico da Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA), da Secretaria da Agricultura (Seagri), em parceria com a Embrapa Hortaliças, por meio da adoção de sementes livres de vírus, técnicas de espaçamento que aumentam a produção, assistência técnica continuada e capacitação.
“Os agricultores foram orientados a trabalhar com o alho comum (cultivar amarante), um material de qualidade originado da cultura de tecido (livre de vírus), produzido em laboratório pela Embrapa e bem aceito na região. A expectativa é de uma grande colheita”, afirmou o chefe do escritório da EBDA em Cristópolis, Darlan Miranda.
Nessa colheita, que começou em julho e vai até outubro, a melhoria na qualidade do alho já foi observada pelos agricultores familiares dos municípios. “Com as orientações que recebemos, estamos substituindo o antigo sistema de produção pelas novas técnicas de espaçamento, obtendo maior qualidade na hora da colheita e da comercialização do alho”, disse José Borges, agricultor de Cristópolis.

Competitividade

Novas técnicas de análise do solo e da água, uso de adubos e herbicidas, qualidade fitossanitária do alho e manutenção da viabilidade das áreas de produção a longo prazo também estão sendo difundidos aos agricultores pelos técnicos da EBDA. Segundo Darlan, uma nova variedade de alho nobre que produz um bulbo (formato da cabeça do alho) de melhor aparência e qualidade será disponibilizada aos agricultores até janeiro de 2008.
Para o agricultor Mário Luiz, o crescimento tem sido visível, depois da orientação dos técnicos da empresa. “Está sendo muito importante pra nós, porque antes a gente tinha um alho ruim, de baixa qualidade e hoje temos um alho bom. Além disso, eles ajudam com acompanhamento, tirando dúvidas”, contou.
Com palestras de técnicos da região oeste e da Chapada Diamantina e a presença de profissionais da Embrapa Hortaliças, a EBDA mostrou aos agricultores novas tecnologias para o aumento da produtividade.
“São trabalhos de assistência técnica, orientação, com áreas demonstrativas e intercâmbio com agricultores da Chapada, para que haja a troca de experiências. O que a empresa deseja é que eles possam produzir mais e com melhor qualidade” afirmou Darlan.

Comercialização

O alho produzido em Cristópolis e Cotegipe é vendido em réstias (tranças) e o preço chega a ser competitivo com o do mercado: em torno de R$ 4 a R$ 5. Nessa época de colheita, a comercialização do alho na região gera empregos, movimenta o comércio e contribui para o desenvolvimento local.
“Contrato 15 pessoas da comunidade e pago R$ 0,20 por réstia produzida. Há os que conseguem fazer até R$ 100 por dia, chegando a aumentar em R$ 440 o orçamento familiar”, disse o agricultor José Borges.
João Oliveira, outro agricultor, proprietário de 0,5 hectare de alho consorciado com feijão, cenoura e mandioca, falou da sua satisfação com a colheita: “O alho que já colhi estou vendendo nas feiras de toda a região, além dos compradores que adquirem em grande quantidade e vendem em outros estados”.