Ninguém melhor que o teólogo Leonardo Boff, defensor do “sonho cristão sobre o convívio humano”, para celebrar, quarta-feira (26), às 9h30, a posse de representantes da sociedade civil, entre eles indígenas, quilombolas, pescadores e comunidades de fundo de pasto, no Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional do Estado da Bahia (Consea). Na solenidade, que também trará a Salvador o presidente do Consea nacional, Chico Menezes, Boff fará palestra sobre o tema Desenvolvimento Sustentável com Soberania Alimentar e Nutricional. O evento acontece no Instituto Anísio Teixeira (IAT), na Paralela.
Vinte e quatro entidades da sociedade civil, eleitas no dia 10 de agosto, passam a compor o conselho, que foi reestruturado, atendendo às entidades não-governamentais. Elas reivindicavam maior participação no processo de construção e proposição de políticas públicas. No mesmo dia da posse, os conselheiros realizarão a primeira reunião que tem como pauta a agenda do último trimestre de 2007 e discussão sobre o regimento interno. A presidência também será escolhida no mesmo dia.
Do segmento governamental farão parte 12 secretarias, entre elas a de Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza (Sedes). Através de decreto publicado no Diário Oficial do Estado, também integrarão o conselho a Casa Civil e as secretarias de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh), Desenvolvimento e Integração Regional (Sedir), Promoção da Igualdade (Sepromi) e Justiça, Cidadania e Direitos Humanos (SJCDH).
A entidade vai acelerar, nos primeiros dias da nova gestão, a construção de propostas para a Lei Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional. Uma comissão de trabalho nomeada pelo Governo do Estado deverá apresentar, ainda este ano, a minuta do projeto de lei.

Pequena biografia

O teólogo Leonardo Boff é um velho conhecido no meio acadêmico, religioso e no cenário de lutas em defesa dos direitos humanos. Foi integrante da Ordem dos Frades Menores, franciscanos, na qual ingressou em 1959.
Precursor da Teologia da Libertação, pela qual foi submetido a um processo pela Sagrada Congregação para a Defesa da Fé, ex-Santo Ofício, acabou deposto, em 1985, de todas as suas funções editoriais e de magistério no campo religioso. Por conta de suas teses apresentadas no livro Igreja: Carisma e Poder, foi condenado a um ano de "silêncio obsequioso", pena suspensa um ano depois.
É doutor em Teologia e Filosofia pela Universidade de Munique-Alemanha, e autor de mais de 60 livros de Teologia, Espiritualidade, Filosofia, Antropologia e Mística. Renunciou às atividades de padre, mas, permanece como teólogo, conferencista e assessor de comunidades.