Com o objetivo de avaliar as condições para a construção de um galpão destinado à comercialização de produtos da agricultura familiar, uma comitiva da Superintendência da Agricultura Familiar (Suaf) e de organizações sociais que participam da Câmara Técnica de Comercialização esteve, ontem (25), na Central de Abastecimento, na estrada CIA/Aeroporto. Um terreno de 10 mil metros quadrados foi disponibilizado pela Empresa Baiana de Alimentos (Ebal), que gere a Ceasa.
A iniciativa é uma articulação da Secretaria da Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária (Seagri), Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA) e Ebal, para a realização de um projeto piloto para os pequenos agricultores. Segundo o superintendente da Suaf, Ailton Florêncio, a proposta de um ponto de comercialização dos produtos da agricultura familiar fortalece o segmento.
“Com a venda direta, lucra o produtor, o consumidor e a sociedade em geral. O produtor, ao eliminar o atravessador, tem um ganho superior a 60%. O consumidor vai levar pra casa um produto de qualidade e mais barato”, afirmou Florêncio, ao exemplificar que o inhame é vendido pelo produtor a R$ 0,80 o quilo e chega à Ceasa, pelas mãos dos atravessadores, por R$ 1,20, ainda com um acréscimo ao entrar nas redes de supermercados e feiras livres.
Edinabel Caracas, assessora da Federação dos Trabalhadores da Agricultura Familiar (Fetraf/BA), pontuou que o gargalo da agricultura familiar não é a produção, mas a comercialização. “De nada adianta o incentivo à produção se não existir oportunidades de venda vantajosa para o pequeno produtor. Infelizmente, muitos agricultores familiares têm seu espaço disputado pelos atravessadores”, admitiu.
Participaram da comitiva, representantes da Federação dos Trabalhadores da Agricultura (Fetag), Associação Brasileira de Empreendimentos do Comércio justo e Solidário (Ecojus), Instituto de Permacultura da Bahia (IPB) e União de Cooperativas da Agricultura Familiar e Economia Solidária da Bahia (Unicafes).

Ceasa

A Central de Abastecimento foi fundada em Salvador, no ano de 1973 e, segundo o gerente de mercado, Joselito da Silva, o órgão manteve sua estrutura desde lá, o que comprometeu o seu papel inicial de atender diretamente aos pequenos produtores. “Hoje, os principais fornecedores da Central são grandes produtores, comerciantes ou empresários”, declarou Silva, ainda otimista com a possibilidade de criação de um novo espaço da agricultura familiar. A Ceasa possui uma área de 17 galpões para venda diferenciada no atacado e varejo de hort-fruti e hortaliças, que abrigam 1322 módulos e bases de venda setorizados, no atendimento aos comerciantes.