A orla da cidade de Cachoeira, no Recôncavo baiano, banhada pelo Rio Paraguaçu, vai passar por um projeto de requalificação urbana. A abertura da licitação foi quarta-feira (5), pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (Ipac), órgão da Secretaria Estadual de Cultura (Secult), responsável pela execução das obras.
Orçada em cerca de R$ 1,8 milhões, a primeira etapa do projeto contemplará ações paisagísticas e arborização da orla, na Rua do Cais, criação de calçadão com caminho preferencial para pedestres, intervenções para acessibilidade de pessoas com deficiência, além de instalação de iluminação pública subterrânea.
De acordo com o diretor-geral do Ipac, arquiteto Frederico Mendonça, as obras integram as ações do Programa Monumenta do Ministério da Cultura, que conta com financiamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), além de contrapartidas federal e estadual.
“O projeto pretende respeitar as características morfológicas da área de intervenção, a relação de proximidade com o rio, os muros de pedras e outros elementos paisagísticos já existentes”, explica Frederico Mendonça. Na Bahia, a Secretaria de Cultura, através do Ipac, responde pela execução do Monumenta em Cachoeira, e na cidade de Lençóis. Já em Salvador, o Monumenta é de responsabilidade da Conder que coordena a 7ª etapa do Centro Histórico.
Para o diretor do Ipac, parte da singular identidade de Cachoeira vem do Rio Paraguaçu. “Até o nome deve-se às quedas de água que existiam perto da cidade antes da construção da Barragem Pedra do Cavalo”, diz Mendonça.
Os habitantes indígenas locais já necessitavam do rio antes dos colonizadores portugueses que conseguiram depois a elevação do lugarejo à Freguesia de Nossa Senhora do Rosário em 1674. Em 1698, a freguesia passa a Vila de Nossa Senhora do Rosário do Porto da Cachoeira do Paraguaçu, evidenciando a importância fluvial ao acrescentar o nome do rio ao do povoado.
Com localização estratégica como entroncamento para rotas entre Sertão, Recôncavo, Minas Gerais e Salvador, o povoado enriqueceu e se tornou um dos mais importantes do Brasil no século XIX, motivo pelo qual dispõe de tantas construções seculares. Em 1859, o imperador D. Pedro II inaugura a ponte de ferro sobre o Rio Paraguaçu, construída por ingleses e em 1873 a vila é elevada à categoria de cidade por decreto imperial.
“A cidade foi tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 1971, e pela Unesco como Patrimônio da Humanidade”, relata o diretor do Ipac. “Atualmente, Cachoeira é a cidade brasileira que mais recebe recursos do Monumenta, que totalizarão R$ 24 milhões ao término do programa”, complementa Mendonça. O Paraguaçu é o maior rio genuinamente baiano, com 600 quilômetros de curso. Outras informações sobre o Monumenta, em Lençóis e Cachoeira, podem ser prestadas no escritório UEP, através do telefone 3322-1820.