Salvador recebe esta semana mais um grande espetáculo teatral. A montagem Os Sertões, baseada na obra homônima de Euclides da Cunha, será apresentada de 5 a 9 de setembro, no Museu du Ritmo. A peça tem direção de José Celso Martinez Corrêa e conta com o apoio da Secretaria de Cultura da Bahia (Secult), através do Fundo de Cultura, e da Petrobras.
Para recontar a Guerra de Canudos, o diretor José Celso Martinez Corrêa montou um espetáculo grandioso, envolvendo 70 profissionais, sendo 47 atores, músicos, dançarinos e atores mirins do Movimento Bixigão, projeto social que atende crianças e adolescentes do bairro do Bixiga (São Paulo) por meio de oficinas gratuitas de arte. A encenação é da Companhia Teatro Oficina Uzyna Uzona.
Os Sertões é composto por cinco peças: A Terra (dia 5), O Homem 1(dia 6), Homem 2 (dia 7), Luta 1 (dia 8) e Luta 2 (dia 9), que transpõem para o palco a obra literária completa de Euclides da Cunha. No total são 26 horas de encenação divididas nos cinco dias.
O primeiro espetáculo traduz a geografia do sertão nordestino; o segundo traz a formação do homem brasileiro até chegar à descrição do sertanejo; na terceira peça o foco é o relato da transformação de Antônio Maciel em Antônio Conselheiro. As primeiras expedições do exército brasileiro a Canudos são apresentadas na quarta peça. Na última, o público terá a oportunidade de ver o desfecho da Guerra de Canudos. As cenas dos primeiros capítulos do livro são projetadas em telões, captadas por câmeras e com corte ao vivo de um VJ.
O diretor de arte Osvaldo Gabrielli faz chover areia no sertão e coloca ator para voar em cena. Foram confeccionadas cerca de 70 réplicas de armas de fogo, entre espingardas utilizadas no final do século XIX e 30 metralhadoras modernas, como AK47 e fuzis americanos, utilizados na Guerra do Golfo e mais pistolas de época, como manlincher, comblaein, modelos utilizados pela Gestapo alemã, além de clavinotes antigos (com boca de sino).
Vale destacar que o projeto Os Sertões inclui ainda uma oficina de teatro para adolescentes de grupos locais. Eles recebem treinamento de atores e músicos e são integrados ao elenco, participando da peça como atores mirins. De acordo com a diretora do Fundo de Cultura, Carmem Lúcia Lima, a iniciativa abre oportunidades para o teatro local. “Existe o efeito multiplicador da oficina”, lembra, ressaltando que essa é uma contrapartida interessante na perspectiva de formação de novos profissionais.
Os Sertões já foi apresentada em Recklinghausen e Berlim (Alemanha), além de São Paulo e São José do Rio Preto. A montagem será apresentada ainda em Recife, Rio de Janeiro e Quixeramobim (Ceará). A peça foi vencedora dos prêmios Shell em 2002 e 2005, Prêmio da Associação Paulista de Críticos de Arte em 2003 e 2005, além do Prêmio Bravo Prime de Cultura, oferecido pela Revista Bravo!.
Reconhecido internacionalmente pelo seu trabalho como diretor, ator, dramaturgo e compositor, José Celso Martinez Corrêa dirigiu mais de 20 peças, entre elas Rei da Vela (Oswald de Andrade), Pequenos Burgueses (Maximo Gorki), Galileu Galilei e Na Selva das Cidades (Brecht), Hamlet (Shakespeare) e Roda Viva (Chico Buarque). Também dirigiu filmes e programas para TV.