“O teatro de rua sempre foi excluído das políticas públicas de cultura. Fazer arte na Bahia nunca foi fácil, pela falta de apoio”. A denúncia do diretor de teatro de rua Kuka Matos, 39 anos, há 15 tentando sobreviver de arte em Salvador, revela uma realidade que atinge a maioria dos segmentos artísticos em todo o estado.
Para mudar esse quadro, a proposta da II Conferência Estadual de Cultura, que será realizada entre 25 e 28 de outubro em Feira de Santana e vai contar com representante de todos os territórios de identidade, foi apresentada hoje (13) pelo secretário de Cultura, Márcio Meirelles, na Assembléia Legislativa.
Kuka disse que a Bahia está vivendo um novo momento. Para ele, nunca houve tanta abertura para a participação na formulação das políticas públicas. “Com a conferência, espero que sejam definidas as diretrizes que democratizem o desenvolvimento da cultura, independente de grupos políticos. Queremos políticas de Estado, e não de governo, que beneficiem toda a sociedade”, afirmou.
Meirelles explicou que essa demanda já está sendo atendida desde 6 de janeiro deste ano, quando começaram as discussões sobre o Plano Estadual de Cultura. Para ele, é preciso agora o apoio dos parlamentares. “Isso é um sinal da maturidade e do entendimento do Estado de que a cultura é um fator estruturante, de construção da cidadania”, declarou.
O secretário disse que era uma prática comum do Estado priorizar determinadas linguagens e regiões, como Salvador e Recôncavo. “A diferença é essa, estamos territorializando, trabalhando conjuntamente com os 417 municípios, organizações, sociedade civil e com o cidadão que produz cultura sozinho, sem estar ligado a associação, e ele precisa ser ouvido e atendido”, afirmou.
Para o financiamento dos projetos, segundo Meirelles, está sendo criado um programa de fomento que inclui o Faz Cultura, o Fundo de Cultura, o microcrédito, o financiamento direto reembolsado e a linha de editais. “Esse programa de fomento atende a diversas formas de relação com os produtores culturais”, observou.

Encontros territoriais

O primeiro dos 26 encontros territoriais que antecedem a conferência será realizado segunda e terça-feira (17 e 18), no Centro de Cultura Amélia Amorim, em Feira de Santana, envolvendo representantes de 17 cidades do Portal do Sertão. Ao final de cada um dos encontros, os representantes de todo o estado se reúnem, de 25 a 28 de outubro, também em Feira, na II Conferência Estadual de Cultura.
O evento começa às 14h e conta com oficinas sobre o Fundo de Cultura e o Faz Cultura, palestras sobre economia da cultura e atividades artísticas. A solenidade oficial de abertura será às 19h. Na terça-feira, às 18h, os grupos se reúnem para debates. O final dos trabalhos será marcado por celebração cultural.