Após três anos e cinco meses quase ininterruptos de apresentações, a comédia musical Vixe Maria! Deus e o Diabo na Bahia! se despede do público baiano, com nova temporada no Teatro Sesc Casa do Comércio, a partir de sexta-feira (14), com espetáculos até domingo (16), sempre às 20h. Desde a sua estréia, a peça do diretor Fernando Guerreiro divertiu 173 mil espectadores, em 477 funções realizadas não só na Bahia, mas em outros estados brasileiros.
Inicialmente bancada pela Fundação Cultural do Estado da Bahia (Funceb), por ocasião das comemorações dos 30 anos da instituição, e com objetivos de fortalecer o teatro profissional baiano, a produção logo se tornou auto-sustentável – embora de manutenção onerosa, envolvendo numeroso elenco de atores e técnicos.
O espetáculo une teatro, dança e música com muito chiste como “ingrediente essencial”, para contar a história das estratégias do Diabo, a fim de fundar sua igreja, na Bahia, por ocasião do Carnaval.
A peça recria o caótico cenário de Salvador, ao mesmo tempo cidade festiva e cheia de problemas urbanos e sociais. É por essa inspiração inclusive que Guerreiro adota a mistura das estéticas trash, do Teatro de Revista, da comédia popular e do cordel, conduzindo o público a “passear” em ficção, pelas tradicionais festas de largo do calendário baiano e pelo Carnaval da terra.
O espetáculo oportunizou que 90 profissionais envolvidos na produção artística e técnica, desde a sua estréia em abril de 2004, tivessem seus cachês garantidos – o que, por si só, já é uma expressiva vitória, para o teatro profissional baiano.
Escrito em parceria pelos dramaturgos baianos Gil Vicente Tavares, Cláudio Simões e Cacilda Póvoas, a partir de adaptação livre do conto A Igreja do Diabo, de Machado de Assis, o texto de Vixe Maria! Deus e o Diabo na Bahia! resultou numa obra cômica que põe em foco a cultura baiana, com ênfase em suas matrizes híbridas nas tradições afro-brasileiras e de forte identidade nordestina.