Com surpresa, alunos da Escola Estadual Professora Noêmia Rego, no bairro de Valéria, viram, pela primeira vez, as fotografias de Salvador ao longo dos últimos 50 anos, numa perspectiva comparativa com a cidade nos dias de hoje. A exposição Imagens da Liberdade, que faz parte do acervo de Sílvio Robatto, da Fundação Gregório de Mattos, está aberta ao público desde o último sábado, em uma sala da escola.
Descendente do cineasta Alexandre Robatto Filho, Sílvio registrou cenas do desfile do 2 de Julho desde 1950, destacando a condução do cabloco e da cabloca – maiores símbolos da data – pelas ruas da Lapinha, Centro Histórico e Campo Grande, além dos desfiles cívico e religioso. As fotos do Convento da Soledade, Igreja do Boqueirão, do Museu da Cidade e Casa D’Itália são alguns dos pontos situados no percurso do cortejo que foram capturados pelas lentes do fotógrafo.
A transformação da cidade exposta no acervo, chamou à atenção dos alunos da 5ª e 6ª séries, que sugeriram ao professor de Relações Humanas a realização de um trabalho sobre as mudanças culturais. O seminário elaborado com base na exposição pretende estabelecer debates sobre a sociedade, passando pelo contexto sócio-cultural, os costumes e vestimentas da sociedade soteropolitana daquela época até as transformações ambientais vivenciadas por Salvador.
A exibição do acervo trouxe a cultura para perto da comunidade, oferecendo novas possibilidades tanto ao estudante como à comunidade local, que teve livre acesso à obra. “A proposta é de que a cultura seja um terreno fértil para a comunidade de Valéria”, afirmou o diretor José Roberto de Souza.
“Os meninos ficam entusiasmados e curiosos perguntando onde se localizam cada prédio da foto. Eles querem saber cada detalhe”, afirmou o funcionário Robson Martins, que acompanha os estudantes nas visitas. “O contato com as fotografias resgata no aluno a importância do 2 de Julho, além de permitir que a comunidade saiba que existem outros aspectos paralelos às atividades tradicionais. É uma possibilidade de diálogo entre a escola e a comunidade”, declarou a professora de português, Rita de Cássia.
Atento às fotos, o estudante Fábio Sena, 8ª série, afirmou que visita a exposição todos os dias, nos intervalos das aulas. “A cada dia eu descubro uma coisa diferente, observo os detalhes e vejo como é importante conhecer como eram os lugares da cidade” Para ele, a foto mais bonita é a da cabloca.