Feira de Santana pode ter sido uma das primeiras cidades brasileiras a praticar a política de orçamento participativo, ainda na década de 1960, por iniciativa do então prefeito Francisco Pinto, cassado em 1964 pelo regime militar. A colocação foi feita por Emiliano José, professor doutor da Faculdade de Comunicação da Ufba, na tarde de ontem (19), durante seminário sobre a trajetória política de Chico Pinto. As atividades prosseguem hoje (20), no Anfiteatro, módulo II do campus da Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs).
Emiliano José relatou experiências políticas convividas com Chico Pinto, no período da ditadura militar. Ele contou sobre a iniciativa de Pinto, quando prefeito de Feira (eleito pelo voto direto em 1962), de praticar a política de orçamento participativo, “mesmo contrariando a Câmara Municipal e o poder econômico da época, adversos à participação popular na administração”.
Outro que também falou sobre o tema foi Haroldo Lima, presidente da Agência Nacional do Petróleo (ANP). “Chico Pinto despertou, na população, a confiança de que poderia enfrentar a repressão”, destacou. Houve ainda depoimentos de outras pessoas que conviveram com Chico Pinto. À noite, foi exibido o filme Pinto Vem Aí (1976), de Olney São Paulo.
Organizado pelo Laboratório de História e Memória da Esquerda e das Lutas Sociais (Labelu), o seminário Chico Pinto – Democracia e Ditadura em Feira de Santana e no Brasil é visto como um momento de estudo e reflexão histórica sobre Feira de Santana, a Bahia e o Brasil nos tempos da ditadura (1964-1985). O seminário foi aberto, ontem (19) pela manhã, com exposições de pesquisas dos professores Clóvis Ramaiana, Rogério Fátima dos Santos e Suane Vasconcelos (que defendeu dissertação de mestrado sobre o discurso de Pinto).