O estudante Antonio Profeta de Souza, 19 anos, do Colégio Estadual Costa e Silva, ganhou uma bolsa para estudar Medicina em Cuba. Com viagem prevista para julho, ele não esconde as expectativas e a satisfação por estar prestes a realizar um sonho de infância. “Desde pequeno, eu dizia que seria médico, mas minha mãe rebatia dizendo que ser médico era só para quem tem dinheiro”, contou o estudante, que é filho de um vendedor e uma assistente administrativa.

O estímulo para disputar a bolsa veio de um professor de História. Antes disso, Profeta chegou a passar na primeira fase do vestibular da Universidade Federal da Bahia e fazia cursinho  para tentar mais uma vez. A boa notícia veio logo após uma entrevista na Fundação José Martins. “Assim que acabei, me informaram que eu estava apto. Fiquei muito feliz, porque desde criança quero ser médico-cirurgião. Adorava assistir ao programa Plantão-Médico”, disse o adolescente.

O  estudante conta que nunca levou muito em conta o retorno financeiro que a Medicina poderia lhe proporcionar, mas sim a contribuição social que poderia dar. “Vou com a intenção de voltar para dar minha contribuição social, atuando na saúde pública e levando a Medicina para áreas onde a população não tem acesso a serviços de saúde”, disse. Para realizar este sonho, ele terá que abrir mão do convívio com a família durante seis anos, tempo que dura o curso.

A distância vai deixar muita saudade, mas, pensando no bem do caçula, a família tem lhe dado todo o apoio. “Eles estão me apoiando muito e me dado muita força, inclusiva espiritual”, conta. Mesmo sem saber a data exata da viagem, ele já começou a arrumar as malas. Durante todo o curso, o governo cubano irá bancar a moradia, alimentação, assistência médica e dará ao estudante uma bolsa de valor ainda desconhecido.

Além da paixão pela Medicina, o fato de ir viver em um país socialista também tem atraído bastante o aluno. “Conheço a história do país, o pensamento socialista e tenho uma grande admiração pela solidariedade do povo cubano”, disse ele, que nutre esperanças de já estar em Cuba no dia 13 de agosto, aniversário de Fidel Castro, que ele considera o maior líder político da História. Enquanto não viaja, ele vive dias de celebridade no bairro do Jardim Cruzeiro, onde mora.

Nas ruas, quando o vêem, as pessoas já o cumprimentam como doutor e lhes dão parabéns pela conquista, como se também fizessem parte dela. O mérito foi dele, mas Profeta não deixa de compartilhar a conquista  com o docente que foi o seu grande incentivador. “Foi o professor Robson que me informou sobre as bolsas e, no dia da entrevista, ligou para me informar. Soube encima da hora, não estava preparado psicologicamente e ele me deu a maior força”, contou o estudante.