Analista do Ibama fala sobre gestão de águas e recursos pesqueiros

A Superintendência de Recursos Hídricos (SRH) promove amanhã (29), mais uma palestra da série Diálogo das Águas, realizada sempre na última sexta-feira de cada mês, com renomados personalidades que atuam na área de meio ambiente e recursos hídricos. Desta vez, quem vem a Salvador é o analista ambiental Clemeson José Pinheiro da Silva, coordenador de Ordenamento Pesqueiro do Ibama, que falará, às 15h, sobre Gestão das Águas e Recursos Pesqueiros.

Clemeson José abrirá o debate sobre a exploração acima da capacidade de renovação dos recursos pesqueiros do país. Um dos impactos é a diminuição da quantidade de pescado no Brasil, além do risco iminente de desparecimento de espécies. Ele citou algumas espécies já ameaçadas, como o peixe ornamental “zebra”” e algumas espécies de cações de água doce. Outras estão em nível de
colapso, ou seja, podem entrar na lista dos ameaçados de extinção, a exemplo do tambaqui, na região Norte e algumas espécies de surubim, no Rio São Francisco.

Uma das razões apontadas pelo especialista para o problema é que a gestão dos recursos hídricos no país não leva em consideração os recursos pesqueiros, na questão do uso.  “”Para que os recursos pesqueiros tenham sustentabilidade, tem de haver recursos hídricos com qualidade e quantidade””, afirmou.

Ele acrescenta que a preservação dos recursos pesqueiros deve considerar os aspectos ambiental, social e econômico. “”O ajuste desses três componentes é o grande desafio. Se levar em conta só o aspecto ambiental, há consequências graves no econômico e no social. Se levar em conta o econômico e o social, vai ter consequências no fator ambiental, possivelmente irreversíveis””.

Para compreender como isso funciona na prática, ele citou a construção de barragens. “”Quando se constrói uma barragem, se altera a dinâmica do rio, ou seja, a mudança interfere no ambiente natural das espécies, que com isso pode ficar impedida de se reproduzir. Por isso, a gestão dos recursos hídricos deve levar em conta os recursos pesqueiros em todos os seus aspectos””.

Nesse contexto, ele ressalta que o Ibama tem buscado participação ampla da sociedade no modelo de gestão compartilhada. Clemeson José vai falar ainda de outras formas de ameaça para os recursos pesqueiros, como a poluição e o desmatamento. Fatores que, segundo ele, trazem consequências graves para os recursos pesqueiros, porque os peixes dependem da qualidade do ambiente e são, inclusive, um dos principais bioindicadores da qualidade do ambiente. “”O peixe sente as alterações que são impostas ao ambiente onde ele vive e pode migrar, parar de se reproduzir, parar de se alimentar e morrer””.

Para participar do Diálogo das Águas basta efetuar a inscrição, gratuitamente, pelo telefone 3116-3009 ou e-mail cerimonial@srh.ba.gov.br. As vagas são limitadas.

Histórico

A proposta da série Diálogo das Águas é estimular a sociedade a discutir temas relacionados à degradação ambiental provocada pela ação do homem e seus efeitos na vida de cada um, principalmente no que diz respeito ao avanço da escassez da água doce em diversas regiões do planeta. Com isso, espera-se que a sociedade possa contribuir para a sustentabilidade ambiental e a gestão racional das águas.

Com a temática geral Água, Sociedade e Ambiente, os primeiros debates da série contaram com a participação de renomados cientistas como Carlos Nobre, pesquisador titular do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), que falou sobre Mudanças Climáticas e o Brasil: devemos nos preocupar?.

Aziz Ab´Saber, considerado o geógrafo mais renomado do país na
atualidade e um dos cinco maiores do mundo, também participou da série. Por meio de uma videoconferência, ele deu uma aula sobre a Água e a Caatinga. O tema Política das Águas e Conservação da Biodiversidade da Caatinga foi apresentado pelo mestre em Ciências Florestais (especialista nas áreas de silvicultura e conservação da natureza) e professor da Universidade do Vale do São Franscisco (Univasf), Luiz César Machado. E  o engenheiro agrônomo e pós-doutor pela Universidade da Carolina do Norte (USA), Paulo Kageyama, falou sobre Conservação das Águas e Restauração Florestal.