A população baiana passa a contar com mais 113 leitos para atendimento pelo SUS com a inclusão do Complexo Hospitalar Universitário Professor Edgard Santos (Hupes), a partir desta segunda-feira (16), ao sistema de assistência da saúde do estado. O convênio, assinado no Hospital das Clínicas pelo governador Jaques Wagner, o ministro da Saúde, José Carlos Temporão, e o secretário da Saúde, Jorge Solla, permitirá a ampliação do atendimento à população. Na ocasião, foi também anunciada a federalização do Hospital Ana Nery, que passa a ter gestão da Ufba, funcionando como Hospital Escola e referência para a área de cardiologia.

“Tenho absoluta convicção de que essa parceria vai ajudar o Estado a cumprir sua missão. Vamos utilizar os recursos para superar a crise na saúde baiana”, afirmou Wagner. Ele lembrou que a Secretaria da Saúde (Sesab) disponibilizou 166 novos funcionários, entre enfermeiros, auxiliares e técnicos de enfermagem, farmacêuticos, bioquímicos, fisioterapeutas, psicólogos e técnicos em laboratório para o Hupes. As posses dos novos servidores, realizadas durante o evento, acontecem simultaneamente à seleção para contratação de mais 13 mil profissionais de saúde e educação. “Há muito tempo que isso não acontecia na Bahia”, observou.

O ministro Temporão disse estar na Bahia para marcar a presença de uma nova fase na relação entre os governos federal, estadual e municipal. Para ele, o que havia antes era um esforço que não se viabilizava pela falta de sintonia entre as três esferas. “Agora, nós temos uma sintonia total, com prioridades claras, relação institucional excepcional e tenho certeza de que será feito um grande trabalho para mudar profundamente a saúde pública baiana”, declarou.

Ele disse que a Farmácia Popular é um passo importante na política de democratização do acesso aos medicamentos, assim como a integração do Hupes ao SUS. “Pude perceber que os novos equipamentos que chegaram, financiados pelo Ministério da Saúde (MS), vão dar um novo padrão tecnológico, fundamental para a qualidade e segurança do trabalho dos profissionais de saúde que aqui atuam”.

Segundo o ministro, o MS aumentou o repasse para os hospitais universitários em mais de R$ 250 milhões por ano. “A idéia é caminharmos de uma modalidade onde os recursos eram repassados por produção e procedimentos para uma contratualização em que o gestor local e o hospital de ensino estabelecem metas de atenção, ensino e de desenvolvimento científico e tecnológico. Temos que investir no aprofundamento e aperfeiçoamento desta estratégia”, apontou.

Para Solla, “a incorporação do Hupes ao SUS é uma iniciativa essencial, pois os hospitais universitários são a ponta do sistema de saúde e têm que cumprir o papel de referência para todo o estado, não só na assistência, mas na formação de recursos humanos”. Ele disse que esse papel estava sendo desprezado pelas gestões anteriores na Bahia. “Então, a Ufba retoma agora a sua capacidade e importância estratégica no SUS”, destacou. Solla declarou que o Estado vai investir no desenvolvimento do Hupes. “O exemplo está aqui, com 166 novos servidores que estão sendo cedidos para fazer funcionar 20 novos leitos de UTI”, informou.

Déficit de UTIs

Solla disse que na Bahia há um déficit de UTIs e, por isso, o Estado não pode trabalhar isoladamente. Segundo ele, a UFBA fornece os médicos e instalações, os equipamentos são fornecidos pelo MS, a equipe de enfermagem pelo Estado e o município é o contratante e gestor. “Isso nos alegra muito, pois em apenas três meses de governo já entregamos 20 novos leitos de UTI e uma série de novos serviços vão entrar progressivamente em operação”, garantiu.

Para o secretário, a inauguração de 20 leitos de UTI tem uma importância muito grande no estado que possui o menor número de unidades desta natureza em todo o Nordeste e está em 22º lugar no ranking nacional. “Infelizmente, só agora, no governo Wagner, alguns órgãos de comunicação descobriram que a Bahia não tem UTIs suficientes e que a Bahia está em uma posição complicada neste setor”.

Solla disse que, quando o presidente Lula tomou posse, em 2003, o sistema de saúde estava falido, com enormes dívidas, muitos serviços fechados e com uma perda da capacidade de incorporação tecnológica. “Neste pouco tempo, a realidade mudou bastante a partir do processo de certificação e de contratualização dos hospitais e investimentos dos ministérios da Educação e da Saúde. Tudo isso tem feito uma aproximação forte entre as universidades e o SUS”, afirmou.

O secretário declarou que essa nova realidade vai representar uma ampliação de 113 leitos na estrutura do Hupes, todos eles disponíveis ao SUS. “Então, é um hospital que passa a ter importância para o SUS no estado. A Ufba e o hospital universitário foram relegados, em gestões anteriores, a parceiros de menor importância e o governo Wagner está contribuindo para resgatar isto”, disse.

Com a federalização, o Hospital Ana Nery passa a ter gestão da Ufba, funcionando como Hospital Escola e referência para a área de cardiologia. O Instituto do Coração da Bahia (Incoba), que funciona em um prédio anexo ao Hospital Ana Nery, foi inaugurada no final de maio do ano passado com o objetivo de centralizar o atendimento cardiológico e prestar assistência exclusiva para os usuários do Sistema Único de Saúde (SUS).

O investimento total de R$ 8,3 milhões realizado no Incoba proporciona serviços 24 horas de alta complexidade clínica, emergência referenciada, centros cirúrgicos e UTIs adulta, pediátrica e neonatal, além de ambulatório geral de cardiologia, pronto-atendimento, cirurgia cardiovascular em adultos, laboratórios especializados e unidade de internação e coronariana.

Ampliação

A incorporação do Hupes ao SUS vai possibilitar também a inauguração imediata de oito leitos de UTI, a criação de UTI cirúrgica de alta complexidade (cirurgias cardíaca, de fígado, neurológica e ortopédica) e de 12 leitos na Unidade Coronariana, que possibilitarão a realização de mais 70 novos procedimentos/mês, como cateterismo, implantação de marcapasso e atendimento de infarto.

Os recursos serão aplicados em duas etapas: a primeira será a melhoria da infra-estrutura, com aumento do efetivo para atendimento e aquisição de equipamentos. Na etapa final, os recursos serão aplicados na reforma de duas enfermarias de clínica médica, disponibilizando mais 42 leitos para atendimento.