A greve dos professores está acabando em todo o estado. Até às 20h desta quinta-feira (28), segundo dados da Secretaria Estadual da Educação (SEC), das 1.744 escolas estaduais, 1.383 já haviam retomado o seu funcionamento total ou parcial, correspondendo a 79,3% da rede estadual de ensino. O fim da greve em regiões como Valença e Itabuna, onde houve uma grande mobilização social pela volta às aulas, elevou para 1.226 o número de escolas em funcionamento no interior. Em Salvador e Região Metropolitana, os números apontam um isolamento do movimento grevista, com o funcionamento de 157 das 335 unidades escolares.

A volta às aulas é resultado da mobilização do governo, com o envolvimento de dirigentes da SEC, dirigentes escolares e das Diretorias Regionais da Educação (Direc), além do próprio desgaste do movimento grevista perante a sociedade. O governo fez todas as iniciativas para promover o diálogo, inclusive com acordo firmado sob a intermediação do Ministério Público Estadual (MPE) e a instalação da Mesa Setorial de Negociação realizada, mesmo com a categoria em greve, terça-feira (28).

“A principal preocupação do governo é assegurar o direito de adolescentes, jovens e adultos à educação. Para isso, têm tomado todas as medidas necessárias para fazer cumprir o ano letivo”, enfatizou o secretário da Educação, Adeum Sauer. Ele esclarece que as escolas que estão retomando as aulas têm até 13 de julho para elaborar calendários de reposição, em conjunto com a comunidade escolar, e enviá-los às Diretorias Regionais da Educação (Direcs).

O cumprimento dos dias perdidos e a qualidade das aulas serão supervisionados pela SEC. Além disso, o plano de reposição deve ser afixado em local de grande circulação nos prédios escolares, para que possa ser acompanhado por pais e alunos. Apesar da queda no número de escolas paralisadas, 410 mil alunos, dos 1,2 milhões estudantes matriculados, ainda estão fora das salas por causa da greve dos professores.

Desgaste

Em apenas um dia, o número de escolas de Salvador e Região Metropolitana que voltaram a funcionar total ou parcialmente passou de 87 para 157. Para a professora Suzete de Abreu, do Colégio Adroaldo Ribeiro Costa, no bairro do Cabula, o movimento grevista está indo de encontro à racionalidade. “Fiz greve até um determinado momento, mas voltei atrás quando compreendi que o governo não teria condições de dar o reajuste linear para todos. Acredito que a APLB perdeu o rumo e está nadando contra a maré”, avaliou.

No Adroaldo Ribeiro Costa, onde cerca de 50% dos alunos retornaram no primeiro dia de volta às aulas, a direção está realizando um mutirão, incluindo desde a limpeza do prédio até visitas às casas de alunos, visando o seu retorno imediato. Essa estratégia também tem sido adotada pela maioria das escolas, que estão utilizando até carros de som para envolver a comunidade e convocar pais e alunos. Equipes da Secretaria da Educação reforçaram a mobilização através de uma força-tarefa que percorreu escolas em cerca de 15 bairros da capital.

Os superintendentes da SEC apresentaram o histórico da mesa de negociação, o cenário deixado pela gestão anterior e as reivindicações da categoria acumuladas por mais de duas décadas. Durante as reuniões, também foi apresentada a necessidade de que as negociações sejam concluídas antes da aprovação do Plano Plurianual do governo, que é o instrumento que organiza o orçamento estadual para os próximos anos.

O professor de matemática do Colégio Estadual Cosme de Farias e funcionário da SEC há 29 anos, Manoel Rodeiro, considera que a greve persistiu em função da postura radicalista adotada pela APLB Sindicato. “O sindicato não deu oportunidade do governo negociar. O aumento linear foi dado a todos, por que não continuar a negociação? Acho que a greve só deveria haver caso tivesse esgotado todos os recursos. Em outros governos, não conseguíamos nem chegar perto, por isso acho justo darmos um voto de confiança”, disse.

Para garantir a reposição das aulas, a secretaria já divulgou o novo calendário do ano letivo de 2007, que prevê a utilização de 15 sábados e o fim das aulas em 18 de janeiro do próximo ano. Além de assegurar a quantidade de aulas, que deve cumprir os 200 dias letivos previstos em lei, a SEC também vai realizar vistorias nas escolas, por meio das Direcs.