A população baiana de baixa renda volta a contar, a partir de hoje (2), com as lojas da Cesta do Povo para adquirir mercadorias básicas para alimentação e produtos de higiene e limpeza. Depois de dois meses de atividades suspensas para reabastecimento, reestruturação das instalações e elaboração da nova política de ação da Empresa Baiana de Alimentos (Ebal), 184 das 375 lojas da Cesta do Povo foram reabertas pelo governador Jaques Wagner. Na ocasião, foi inaugurada também, na Loja do Ogunjá, mais uma unidade da Farmácia Popular do Brasil.

Wagner lembrou que a Ebal estava completamente falida, com uma dívida acumulada de R$ 300 milhões, sendo R$ 80 milhões para fornecedores. “Tivemos um processo de renegociação de dívida para viabilizar a loja, fizemos um aporte financeiro para capital de giro e refizemos todo o sistema de distribuição de alimentos”, enumerou. Segundo Wagner, a abertura de apenas parte da estrutura é um teste para saber como será o fluxo da empresa.

Para o governador, agregar serviços como a Farmácia Popular é fundamental para a existência da Ebal. “Você não consegue manter uma loja de produtos alimentícios se ela não estiver equipada com outros segmentos que possam garantir inclusive o seu chamado custo fixo. Então, estamos inaugurando a Farmácia Popular e vamos agregar ainda outros que possam justificar a manutenção da Cesta do Povo”, garantiu.

O presidente da Ebal, Reub Celestino, explicou como está sendo alterado o conjunto organizacional da empresa. “Estamos cortando todos os tipos de desvios internos que levam a custos operacionais e reduzimos o número de produtos para 210 itens que realmente servem à população. Os preços também estão mais baixos e por isso compatíveis com a filosofia da Ebal, para servirem de referencial para outras empresas do mercado”, afirmou. Celestino disse que gradualmente serão abertas novas lojas até atingir 375 unidades.

Pequeno comerciante

Segundo Celestino, a empresa será transformada a partir do segundo semestre deste ano, quando será iniciado um novo sistema experimental de Cesta do Povo. “Devemos trabalhar com o credenciamento e vamos multiplicar os pontos de venda da empresa. Nós não precisamos de pontos fixos, como nossas lojas, preferimos ir à população, abrindo pontos de credenciamento nos bairros pobres, suprindo os pequenos comerciantes”, afirmou.

Celestino disse ainda que a Ebal irá se abastecer com a produção familiar no campo, utilizando redes solidárias, como cooperativas e Ongs, via Ministério da Agricultura, Secretaria da Agricultura e outras instituições. “Isso tudo dentro de quatro critérios: os produtos devem ter interesse no mercado, qualidade, apresentação e preço”.

A Cesta vai disponibilizar também postos credenciados de instituições financeiras, que permitirão, entre outros serviços, o pagamento de contas. Além disso, o Cartão Credicesta, que permite ao servidor público do Estado comprar de forma consignada, com desconto em folha de pagamento, será mantido.

A aposentada Marilena Viana, 64 nos, afirmou que, durante os dois meses em que a Cesta do Povo esteve fechada, ela passou dificuldades.  “Estava fazendo muita falta porque a loja garante o nosso prato de cada dia. Quando eu chegava e via as prateleiras vazias, me dava até vontade de chorar, pois para comprar em outros supermercados e com dinheiro vivo era muito mais difícil”, declarou.

É o caso também de Carlos Alberto de Oliveira, aposentado, 88 anos. “Eu estou feliz com o que está anunciado nesta reinauguração, porque vai melhorar a situação financeira principalmente para os aposentados, que não pagam na hora, mas têm descontado no fim do mês”, observou.

Farmácia Popular

O diretor da Assistência Farmacêutica do Ministério da Saúde, Manoel Santos, disse que o programa Farmácia Popular é desenvolvido em convênio com o Estado. “O Ministério tem um orçamento voltado para a abertura destas farmácias, são R$ 50 mil para reforma e adequação dos prédios. Depois, todo mês deslocamos R$ 10 mil para dar sustentação em termos de taxas e folhas de pagamento. O que passar disso torna-se responsabilidade do Estado”, contabilizou.

Ele disse que a unidade inaugurada é a de número 285, “o que demonstra o sucesso deste programa federal que está dando para a população brasileira o acesso aos medicamentos”, observou. A previsão é que a Bahia ganhe mais 200 unidades da Farmácia Popular, sendo 70 deverão entrar em funcionamento ainda este ano, instaladas junto às lojas da Cesta do Povo.

As farmácias vão oferecer cerca de 97 tipos de medicamentos (entre frascos, cartelas, bisnagas e injetáveis) custando até 90% mais barato do que os produtos das lojas convencionais, além de preservativos masculinos.  Os remédios são adquiridos em laboratórios públicos e privados do país, por meio da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), e repassados para o consumidor a preço de custo.

Para ter acesso aos medicamentos, os interessados precisam se dirigir às farmácias com receita médica ou odontológica. A lista de produtos disponíveis nessas farmácias está de acordo com a Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (Rename).