O Brasil possui uma das mais importantes cinematografias no cenário mundial. Mas a área de cinema ainda enfrenta grandes dificuldades, incluindo o setor específico de exibição, tão precário que muitos clássicos nacionais permanecem desconhecidos das novas gerações e longe do grande público. Com intuito de alterar parte deste cenário, a Sala Alexandre Robatto promove a exibição gratuita, no período de 1º a 8 de fevereiro, de oito relevantes filmes brasileiros produzidos até a década de 60.

Serão quatro sessões diárias às 14h, 16h, 18h e 20h. São filmes deflagradores, que influenciaram e continuam a empolgar jovens cineastas e cinéfilos. A abertura da mostra nacional fica por conta de Braza Dormida, uma produção do final da década de 20, do grande diretor Humberto Mauro. Neste longa-metragem, o diretor conta a história de um amor proibido entre Luiz Soares, um jovem que resolve abandonar os estudos e empregar-se em uma usina no interior, e Anita, a filha do seu patrão.

Outro clássico do cinema brasileiro que merece destaque é o primeiro e único longa-metragem do diretor Mário Peixoto, Limite, com exibição agendada para o dia 2 de fevereiro. O filme conta a história de três náufragos perdidos no oceano.  Essa é a situação limite, que dá origem a este filme elogiadíssimo pelas platéias de Nova Iorque, Berlim e Veneza. Exibido pela primeira vez em 1931, Limite adota recursos técnicos e estéticos surpreendentes e plasticidade extraordinária, sobretudo levando-se em conta a época de sua realização.

Seguindo a evolução cronológica do cinema nacional, não poderia faltar Rio 40 Graus, de Nelson Pereira dos Santos. Foi um marco no desenvolvimento da estética cinematográfica brasileira na década de 50. Subverteu o tradicional discurso narrativo ao mesclar ficção com documentário, ao focar um dia na vida de cinco garotos de uma favela que, num domingo tipicamente carioca e de sol escaldante, vendem amendoim em Copacabana, no Pão de Açúcar e em jogos de futebol.

No quarto e quinto dias da mostra, têm-se, respectivamente, a exibição de O Assalto ao Trem Pagador, de Roberto Farias, e Terra em Transe, do diretor baiano Glauber Rocha. As produções da década de 60 continuam em pauta com os filmes Todas as Mulheres do Mundo, de Domingos Oliveira, exibido dia 6, e o premiado O Bandido da Luz Vermelha, de Rogério Sganzerla, em cartaz dia 7 e que conta a história de um famoso assaltante paulistano, que roubava casas luxuosas de São Paulo, tendo sempre em mãos uma lanterna vermelha.

No encerramento, exibe-se um dos mais importantes filmes do cineasta Joaquim Pedro de Andrade, Macunaíma. Baseado no livro homônimo de Mário de Andrade, o longa mostra a vida, as aventuras na cidade, o enfrentamento com vilões milionários, policiais e o relacionamento com personagens de todos os matizes do “anti- herói  nacional”, preguiçoso, safado e sem nenhum caráter.

Durante toda a semana, o público pode conferir estas obras legendárias da cinematografia brasileira, que, normalmente, não ganham espaço nos circuitos comerciais de exibição, permanecendo guardadas nas estantes das cinematecas. Com esta iniciativa, a Diretoria de Artes Visuais e Multimeios (Dimas), da Fundação Cultural do Estado da Bahia (Funceb), investe na difusão e na formação de público para o cinema nacional, trazendo à tela pérolas que marcaram época e fizeram história.