O Comando Geral da Policia Militar enviou dez policias militares de Salvador para reforçar a segurança dos moradores do distrito de Maracangalha, no município de São Sebastião do Passé.  Muitos haviam abandonado suas casas temendo as agressões e abordagens truculentas de homens que se identificavam como policiais civis à procura dos R$ 5,56 milhões que desapareceram na queda de um avião na região. Na entrada da localidade de Sapucaia, onde ocorreu a queda do avião, o policiamento é feito durante as 24 horas.

Desde segunda-feira, segundo o major Emanuel Cirne, que comanda a operação, todos os veículos desconhecidos são parados e revistados. “Para proteger a comunidade, precisamos identificar as pessoas estranhas que estão circulando no local e revistar o veículo para saber se estão portando armas”, afirmou o major.

Hoje, o superintendente de Direitos Humanos da Secretária da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos, Frederico Fernandes, esteve hoje no município. Representando o Governo do Estado, ele acompanhou uma visita aos moradores vítimas de agressão e participou de uma reunião conjunta com o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa, deputado Yulo Oiticica;  com representantes do Grupo Tortura Nunca Mais, José Carvalho e Diva Santana;  do Movimento Negro Unificado, Amilton Borges,  com a   prefeita do município, Tânia Portugal; e o presidente da Câmara de Vereadores Janser Mesquita.

A dona de casa Vanda de Jesus, foi uma das moradoras da localidade de Sapucaí que havia deixado sua casa por ter sofrido violência. “Eles chegaram por volta das dez horas da noite, dizendo que eram da policia. Bateram no meu filho. Queriam que ele contasse sobre do dinheiro. Nós não sabemos de dinheiro nenhum”, afirmou.

Quem também sofreu agressões foi o vaqueiro Severino da Conceição. Ele foi retirado de sua residência, na comunidade de Cariri, no bairro de Araçatiba, por três homens encapuzados que se diziam policiais. “Eles disseram que me levariam para a delegacia, mas me levaram para o matagal. Pensei que fosse morrer de tanto apanhar”.

A agricultora Jaciara dos Santos também da comunidade de Cariri, que estava no local da queda do avião no dia do acidente, foi algemada dentro de casa e levada para a delegacia do município. Ela conta que na delegacia, passou pela revista, nua, e foi colocada dentro de uma cela. “Eles diziam que eu sabia onde estava o malote de dinheiro”.

Durante a reunião, a prefeita Tânia Portugal informou as providencias que havia tomando a partir das denúncias de agressão da população rural, como a solicitação de apoio do Comando Geral da Polícia Militar. Diva Santana, representante do grupo Tortura Nunca Mais, observou que pela primeira vez o estado se fazia presente, na pessoa do superintendente Frederico Fernandes, numa ação integrada e articulada para combate situações que violam os direitos dos cidadãos.

Frederico Fernandes explicou que a partir das matérias veiculadas no jornal e dos relatos, a superintendência vai preparar e encaminhar um relatório para a secretaria de Segurança Pública do Estado e para a Corregedoria de Policia solicitando a apuração dos fatos.  Ele ressaltou que o caso também será assunto da próxima reunião do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos Humanos que acontece na segunda semana de abril. Deste Conselho fazem parte a Comissão de Direitos da Assembléia Legislativa e o grupo Tortura Nunca Mais e o secretário de Segurança Pública.