Em 2006, o indicador que mede a dificuldade para encontrar uma vaga no mercado de trabalho apontou diferença histórica entre homens e mulheres. A distância que separa a taxa de desemprego das mulheres em relação a dos homens atingiu 32,3%, o valor mais elevado nos 10 anos em que a Pesquisa de Emprego e Desemprego na Região Metropolitana de Salvador (PED/RMS) é realizada. Por outro lado, os rendimentos chegaram ao nível mais próximo do período.

As informações são do setor de análise da PED, pesquisa realizada pela Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), autarquia da Secretaria de Planejamento (Seplan), em conjunto com a Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Secretaria de Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (Setre) e Fundação Sistema Estadual de Análise e Dados (Seade).

Em 1997, a dificuldade da mulher para encontrar uma vaga de trabalho na RMS era 16% maior do que a dos homens – as taxas de desemprego para um e outro eram, respectivamente, 23,3% e 20,1%. No ano passado, os homens retomaram percentual próximo ao de 10 anos atrás, 20,4%, enquanto as mulheres, apesar da redução nos últimos anos, apresentaram taxa de 27,0%, número ainda longe dos 23,3% registrados no primeiro ano da pesquisa.

Na comparação entre 2005 e 2006, houve decréscimo do desemprego entre as mulheres. Cerca de 19 mil foram à procura de uma vaga, enquanto 20 mil postos foram destinados a elas, havendo uma redução de mil mulheres desempregadas.

O crescimento de postos para homens foi menor: 18 mil. Por outro lado, menos homens entraram no mercado de trabalho (13 mil), o que fez diminuir o desemprego entre eles em 5 mil pessoas. No total, foram 228 mil desempregadas estimadas pela PED em 2006, o que corresponde a 55,2% do contingente total do desemprego. O contingente de homens sem emprego passou a 185 mil.

“Observamos que, apesar de haver redução das taxas de desemprego, tanto para homens quanto para mulheres, essa melhoria acontece de forma mais intensa para eles, o que provocou o aumento da diferenças entre os gêneros no campo do trabalho em 2006”, explica Luiz Chateaubriand, analista da PED/SEI.

A taxa de desemprego da PED é medida pela relação entre dois elementos: a quantidade de pessoas que se consideram no mercado de trabalho (População Economicamente Ativa – PEA) e a ocupação, ou seja, as vagas geradas. Nesse último quesito, desde 2000, as mulheres mantêm trajetória ascendente.

Entre 2006 e 2005, o crescimento das vagas para elas foi de 3,4%, maior do que o aumento de 2,6% nos postos disponibilizados para homens. No ano passado, 13 mil mulheres entraram no setor de serviços (mais do que os 12 mil homens), 7 mil, no comércio (homens, 4 mil), e na indústria não houve ganho de participação, permanecendo com pouco mais de um quarto das vagas do setor.

Renda menos desigual

Os rendimentos segundo o sexo chegaram ao nível mais próximo em 10 anos. O rendimento médio das mulheres ocupadas na RMS em 2006 foi de R$ 623, enquanto o dos homens foi calculado em R$ 890. Em relação a 2005, o rendimento dos homens diminuiu 1,5% e o das mulheres cresceu 2,7%. Em virtude da jornada semanal de trabalho das mulheres ser tradicionalmente menor que a dos homens, o rendimento real médio por hora de trabalho das mulheres em 2006 chegou a 84,1% do rendimento dos homens (respectivamente, R$ 4,4 e R$ 5,2 por hora).

Em relação à escolaridade, os dados da PED mostram que em 2006 houve redução do rendimento médio por hora trabalhada das mulheres mais instruídas: aquelas com curso superior incompleto sofreram perdas de 6,3% e as que concluíram o curso superior perderam 3,9%. Nas demais categorias de instrução, houve crescimento do rendimento por hora, especialmente entre as menos instruídas: as mulheres sem escolaridade aumentaram seus rendimentos médios horários em 22,9% e as com o curso fundamental incompleto, em 21,9%.