O curta-metragem Iyá Omi Kàrodó, de Lázaro Faria, e o longa Samba Riachão, de Jorge Alfredo, são as atrações da próxima edição do projeto Quartas Baianas depois de amanhã (7), às 20h, na Sala Walter da Silveira (Biblioteca Pública dos Barris), com entrada franca, numa promoção da Diretoria de Artes Visuais e Multimeios (Dimas), da Fundação Cultural do Estado da Bahia.

Em seu primeiro longa-metragem, Alfredo compõe um panorama do samba na Bahia, através da história do sambista Riachão, que atravessou mais de seis décadas cantando, compondo e influenciando muita gente, a exemplo de Caetano Veloso e Tom Zé. A trajetória dessa grande figura da MPB está entrelaçada com as origens do samba e das manifestações populares no Brasil, até os dias de hoje. O cineasta reconhece na obra de Riachão um claro relacionamento do “ritmo- matriz” com o axé, o samba-reggae e até o hip hop.

Com pinta de malandro, Riachão, pai de quatro filhos e avô de um neto,
sente-se em casa quando sobe ao palco. Canta, dança, rodopia, conta “causos” e
mostra uma vitalidade invejável. De acordo com Alfredo, a inspiração de Riachão mina do cotidiano. “Na Bahia, ele é conhecido como cronista do samba”, comenta e exemplifica: “A famosa música Cada Macaco no Seu Galho, sucesso gravado por Gilberto Gil, no início da década de 70, surgiu de experiência mal-sucedida com um sócio, num pequeno comércio que tinha o compositor. E Baleia da Sé surgiu quando um americano trouxe à Bahia uma baleia embalsamada numa carreta”.

A lista de personalidades que compõem os 80 minutos do documentário Samba Riachão é um dos trunfos do diretor, que reuniu uma série de estrelas e artistas populares, como Caetano Veloso, Tom Zé, Armandinho, Daniela Mercury, Bule-Bule, dentre outros. Esse é o primeiro e único longa-metragem do cineasta Jorge Alfredo, que integrou a equipe técnica de vários curtas-metragens baianos, como por exemplo Oriki, Rádio Gogó e Mr. Abracadabra!, de autoria de José Araripe Jr, vencedor do Festival de Brasília em 1995.

Iyá Omi Kàrodó, segunda produção da noite do Quartas Baianas, é um documentário que mostra a devoção do povo baiano na Festa de Iemanjá, celebrada em 2 de fevereiro, no bairro do Rio Vermelho, em Salvador. O diretor Lázaro Faria começou sua carreira em Belo Horizonte, em 1974, trabalhando como produtor de rádio, cinema e TV. Mudou-se para a Bahia em 1976, onde trabalhou na Sani Filmes como assistente de câmera, realizando diversos documentários em todo o Brasil. Em 1990, funda a produtora X Filmes. Em Iyá Omi Kàrodó, além da direção, ele foi responsável também pela fotografia.