Produzir e utilizar a cana-de-açúcar como suplementação alimentar bovina para melhorar a produção de leite e carne em períodos de estiagem. É o objetivo da pesquisa que está sendo desenvolvida nas estações experimentais da Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA) em Barra do Choça e em Itambé, em parceria com a Embrapa Gado de Leite e a Petrobras.

Em busca das variedades mais produtivas e resistentes, os testes estão na segunda fase, desenvolvidos com 24 variedades industriais de cana-de-açúcar, e já se encontram no segundo corte do experimento. De acordo com o pesquisador Gilson Caroso, a cana-de-açúcar é a forrageira com maior capacidade de produção de energia por unidade de área cultivada.

 “Esta característica tem levado os produtores da região a uma corrida para a formação de canaviais para uso na alimentação animal e também para a produção de cachaça e rapadura. Mais recentemente, empresários têm buscado informações sobre as pesquisas, visando atrair investidores do setor alcooleiro para a região”, disse Caroso.

Segundo ele, ainda no primeiro corte já foi possível observar que quatro variedades apresentam características mais promissoras quanto ao corte e teor de açúcar, mas segundo o pesquisador, só após o terceiro corte é que poderão ser indicadas, com segurança, as cultivares mais promissoras para cada região.

Na primeira fase da pesquisa, as cultivares que tiveram melhor desempenho apresentaram produtividade em torno de 145 toneladas/hectare/ano. Já na segunda fase, as variedades que estão se destacando apresentam produtividade em torno de 156 toneladas/hectare/ano. Enquanto isso, as cultivares tradicionais da região, plantadas pelos pequenos agricultores familiares para a produção de cachaça, apresentam produtividade em torno de 30 toneladas/hectare/ano (média regional). Já as variedades indicadas pela pesquisa, chegam a 80 toneladas/ha/ano.

Dentre as variedades pesquisadas, estão sendo definidas como melhores as que apresentam as seguintes características: alto teor de açúcar, rebrota vigorosa, ausência de tombamento; resistência a pragas e doenças, ausência de florescimento e produção/produtividade, dentre outras.

Vantagens da cana

Apesar das deficiências protéico/minerais, a cana-de-açúcar apresenta vantagens quanto aos aspectos agrícolas/econômicos, por ser uma cultura tradicional, de implantação e manejo simples, ter alta produção por unidade de área, e com período de colheita coincidente com o período de escassez de pasto. “É uma cultura perene, rica em carboidratos (sacarose), e muito bem aceita pelo gado. O sabor adocicado facilita a ingestão da uréia, que tem sabor amargo”, explicou Caroso.

A cana pode ser utilizada, tanto por bovinos de leite como de corte, como suplemento na entressafra de pasto ou em confinamento para engorda e acabamento, inclusive por outros ruminantes. Entretanto, o mais importante na sua utilização é a associação da cana a uma fonte de proteína, como  farelos de soja, caroços de algodão e mamona, ou  uréia.