Numa ação integrada entre as três esferas de governo, a Feira de São Joaquim passará por uma série de intervenções para melhorar as condições de higiene e acessibilidade. A Secretaria de Cultura da Bahia (Secult) também vai apoiar o projeto, inicialmente, através da proposta de implantação de um infocentro. Numa primeira etapa será preciso obter o levantamento cadastral da disposição espacial da área.

Outra proposta que está sendo estudada em conjunto com a Petrobras é a criação de um centro de cultura popular, aproveitando galpões do Espaço Jequitaia, na Calçada. A Secult também vai articular junto à Secretaria de Desenvolvimento Urbano (Sedur) a elaboração de um plano de saneamento básico para a feira.

Em visita a São Joaquim ontem (25), o secretário estadual de Cultura, Márcio Meirelles, afirmou que a ação será fundamental para o fortalecimento do turismo cultural. “A feira é o elo de ligação entre a cultura do Recôncavo e o centro antigo de Salvador, além de ser um símbolo da permanência da força do povo”, afirma, defendendo que o projeto não deve ser baseado na padronização dos diversos espaços que compõem a mais tradicional feira de Salvador.

A instalação do infocentro deverá ser realizada em parceria com a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti). A idéia é criar novas possibilidades para a juventude que participa do dia-a-dia da feira, principalmente os filhos dos feirantes. “Este é um instrumento democratizante, que permite a distribuição da informação. A própria feira vai falar de si e se conectar com o mundo para que todos possam ouvir e dialogar com este discurso”, declarou Marcio Meirelles.

A Secult também está articulando com a Petrobras para agregar outras ações às atividades de educação já promovidas no Espaço Jequitaia. De acordo com o secretário, a proposta é de transformar os galpões em um centro aliado ao projeto de cultura popular de Lina Bo Bardi.

“Pensamos em retornar as idéias dela a respeito da cultura popular como vanguarda e como desenvolvimento”, afirmou, destacando a importância da arte e do artesanato neste contexto. “Outro foco é Glauber Rocha, que também tinha esse pensamento da força do povo no desenvolvimento”, explica. Nessa linha, uma das possibilidades seria a criação de um pólo de audiovisual.

Para o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Ambulantes e Feirantes de Salvador (Sindifeira), Joel Anunciação, a feira é um lugar onde as manifestações da cultura popular se expressam naturalmente. “É um espaço onde o artista popular se apresenta de uma maneira livre. A feira é pra tudo e pra todos”, disse.

Intervenções

“A União é proprietária dessa área onde hoje existe a Feira de São Joaquim e nós já iniciamos cadastramento dos feirantes”, afirmou a gerente regional do Patrimônio da União na Bahia, Ana Vilas-Boas, explicando que esta é uma etapa fundamental para definir todas as intervenções necessárias na área. “A princípio identificamos que é preciso ampliar linhas de acesso às ruas, promover melhorias na área de saneamento e instalações elétricas”, disse ela.

Segundo o secretário municipal de Serviços Públicos, Fábio Mota, a prefeitura de Salvador vai iniciar as primeiras ações no dia 6 de maio, quando será promovido um mutirão de limpeza. Em seguida, serão instalados novos pontos de energia para iluminar melhor a Feira.