O preço do gás natural será reajustado em torno de 2,45% para o consumidor baiano a partir de 1º de julho. O aumento é decorrente da alta de 3,13% comunicada pela Petrobras às concessionárias que distribuem o gás produzido no Brasil, que estão localizadas principalmente nos estados do Norte e do Nordeste.

O reajuste surpreendeu o diretor-presidente da Companhia de Gás da Bahia (Bahiagás) – empresa vinculada à Secretaria Estadual de Infra-Estrutura (Seinfra) –, Davidson Magalhães, já que o energético teve um aumento em 20,12% no início de maio.

Preocupado com a nova fórmula apresentada pela Petrobras para futuros reajustes, que prevê a criação de um valor fixo de pouco mais de US$ 2 por milhão de BTU (British Thermal Unity, ou Unidade Térmica Britânica, utilizada para se definir a capacidade térmica do gás) que poderia tornar o gás brasileiro mais caro que o boliviano nos primeiros meses de 2008, Davidson disse que está trabalhando a quatro mãos com a estatal em busca de um consenso.

“O mercado de gás natural é ainda muito novo no Brasil e não absorveria um impacto deste volume, que implicaria num reajuste de 43% em abril de 2008”, afirmou o diretor-presidente. “A Bahiagás, enquanto empresa de economia mista distribuidora, tem a preocupação de buscar um entendimento pela responsabilidade de não deixar o gás natural perder a competitividade e, neste sentido, nos esforçamos para o impacto do aumento ser o menor possível”.

Em operação desde 1994, a Bahiagás é responsável pela distribuição de gás canalizado em toda a Bahia. O Governo do Estado é o principal acionista, com 51%, dividindo a fatia com a Gaspetro (24,5%) e a Mitisui (24,5%). O gás distribuído pela companhia é negociado pela Petrobras. Atualmente, a Bahiagás distribui 3.500 milhões de metros cúbicos por dia de gás natural, sendo que 2.500 milhões são provenientes do Recôncavo Baiano e 1 milhão vem do novo campo de Manati.

Além do campo de Manati, a Bahiagás aposta na construção do Gasene e no Plangás para ampliar sua oferta de gás. A implementação do projeto do Gasoduto de Interligação Sudeste-Nordeste, conhecido como Gasene, contribui para impactar a economia dos municípios por onde passa. Com cerca de 1,4 mil km de extensão e capacidade de transporte de 20 milhões de m³/dia, o  projeto é uma iniciativa da Petrobras com previsão de ser totalmente concluído em 2009. O Gasene se estenderá do Terminal de Cabiúnas, em Macaé (RJ) a Catu, na Bahia.

Já o Plangás é um plano estratégico da Petrobras para diminuir a dependência do gás internacional (o gás importado da Bolívia abastece principalmente São Paulo e os estados do Sul do país) e assegurar o abastecimento do mercado de gás natural no Sul-Sudeste, especialmente térmico. Para isso, a meta é chegar em 2008 com a produção na região equiparada ao consumo atual, ou seja, 40 milhões m3/dia de gás. Na Bahia, a Petrobras pretende investir US$ 1,2 bilhão para ampliar o abastecimento de gás natural até 2011.

O segmento industrial é para onde vão os maiores volumes do gás distribuído pela Bahiagás, correspondendo a 91%. Em seguida, vem o segmento automotivo, com 8%; o comercial, com 1%; o residencial, com 0,0017% e o térmico, com 0,001%.