Nova Iorque (EUA) – O governador Jaques Wagner fez um balanço positivo da viagem oficial que fez esta semana aos Estados Unidos, onde passou por Washington e Nova Iorque, assinando contratos, protocolos de cooperação técnica e, principalmente, conversando com empresários na tentativa de seduzí-los a investir na Bahia, cenário favorável para o setor privado.
A avaliação foi feita pelo governador hoje (13), em Nova Iorque, durante entrevista concedida à TV americana Bloomberg, especializada em economia, quando também falou de temas políticos, como a reforma tributária e a votação no Senado, ocorrida hoje, que salvou da cassação o presidente da Casa, senador Renan Calheiros (PMDB).
O governador destacou que ao desembarcar, amanhã (14), às 11h15min, no aeroporto internacional de Salvador, traz na bagagem não apenas a certeza de reforço de US$ 100 milhões destinado à infra-estrutura de rodovias, mas também a convicção de que impressionou o empresariado americano ao mostrar o cenário favorável para investimento que é a Bahia hoje.
“Creio que as rodadas de negociação foram muito produtivas. Vi o interesse na Bahia crescer especialmente em biodiesel e turismo”, assinalou Wagner, acrescentando que plantou as sementes e agora a bola é dos empresários. “Digo sempre que o político abre as portas para os empresários fecharem os negócios”.
Wagner enfatizou que o foco das conversas foi a bioenergia – etanol e biodiesel -, infra-estrutura, uma área em que, admitiu o governador, a Bahia ainda apresenta muitas deficiências, e turismo, setor em que a imagem da Bahia é forte e cujo potencial de crescimento é muito grande. “A Bahia é, reconhecidamente, um dos melhores destinos do turismo, por isso vim buscar mais integração com os americanos. Nós temos poucos vôos diretos, somente um semanal, para os Estados Unidos e eu estou em negociação para que isso possa ser ampliado”, anunciou.
Ressaltou também o contrato firmado com o Banco Mundial, um aporte de recursos fundamental para a recuperação das rodovias baianas, e falou das conversas mantidas com a direção do Banco Interamericano de Desenvolvimento com intenção de atrair recursos destinados à revitalização de sítios históricos, especialmente para recuperação do Centro Histórico de Salvador.
Hoje, último dia da visita oficial da missão baiana nos Estados Unidos, o governador assinou um protocolo de cooperação técnica com representantes da Organização das Nações Unidas (ONU), buscando promover ações de fortalecimento e melhoramento do desempenho da administração pública, com interesse voltado para a região da América Latina. Antes de embarcar, o governador Jaques Wagner ainda manteve uma última rodada de negociação com investidores americanos. “Brinco sempre dizendo que a gente vem pescar e nem sempre leva o peixe para casa. No entanto, acho que as conversas foram positivas e que irão render bons dividendos para a Bahia”, avaliou.

Política Nacional

Durante a entrevista à Bloomberg, o governador baiano defendeu a reforma tributária para reduzir a carga de impostos, o fim da guerra fiscal entre os estados e a manutenção da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) com redução da alíquota. Wagner reconheceu que a guerra fiscal é danosa para os estados que perdem recursos, mas sustentou que ela se tornou necessária como último instrumento para que os estados mais pobres possam atrair novos investimentos. “A percepção dos governadores do Nordeste é que queremos a reforma tributária e que precisamos acabar com a guerra fiscal. Mas para isso é necessária uma política nacional de desenvolvimento regional capaz de mudar a fotografia atual do Nordeste”, afirmou o governador.
Ele ressaltou que a posição dos governadores nordestinos é favorável ao fim da guerra fiscal e da reforma tributária, mas insistem na necessidade de se criar instrumentos pra substituir as perdas que a região terá abrindo mão da guerra fiscal. “Precisamos atrair novos investimentos. O governo precisa ter uma política clara para proporcionar o desenvolvimento da região para que ela chegue ao padrão de desenvolvimento do restante do país”, defendeu.
O governador disse que toda a sociedade concorda sobre a necessidade de patrocinar a reforma tributária para simplificar o sistema e facilitar a vida dos cidadãos que pagam regularmente seus impostos. Favorável à manutenção da CPMF, Wagner defendeu a redução progressiva da alíquota, desde que seja feita de forma negociada com o governo. “Quando se reduz a entrada de arrecadação é preciso saber onde cortar a despesa. Essa é a briga. Todo mundo propõe corte de tributo. Mas é preciso saber onde cortar a despesa equivalente ao corte de tributo”, assinalou, lembrando da importância em se fazer compensação.
No entendimento de Wagner, o presidente Luís Inácio Lula da Silva, que tem uma base aliada consistente, vai conseguir aprovar a manutenção da CPMF, fonte de recursos importante para o governo federal, razão pela qual a oposição mostra-se favorável a sua derrubada. “A oposição trabalha contra porque conhece a importância do tributo”.