O governo estadual vai ampliar, ainda este ano, o número de hemocentros e núcleos de transfusão nas unidades hospitalares da Bahia. O objetivo, segundo a Secretaria de Saúde, é aumentar os índices de doação de sangue no estado. Pelos dados da Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás), atualmente, apenas 1% da população baiana doa sangue, abaixo do índice médio do país (1,8%) – que já é muito inferior ao ideal recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS): entre 3 a 5%.

O presidente da Hemobrás, João Paulo Baccara, foi recebido hoje (29) pelo governador Jaques Wagner. A estatal quer o apoio dos hemocentros baianos nas ações de pesquisa e desenvolvimento na área. Amanhã (30), Baccara e o diretor-técnico da instituição, Luiz Amorim, visitam, às 9 horas, a Fundação de Hematologia e Hemoterapia da Bahia (Hemoba). O secretário de Saúde, Jorge Solla, acompanhará os técnicos.    

“A Bahia passará a contribuir com a Hemobrás na oferta de material e, por outro lado, contará com o importante apoio técnico da instituição para a qualificação do plasma  e dos profissionais do estado”, explicou Solla. Ele também participou da audiência na Governadoria.

Sobre o projeto de ampliação e descentralização de hemocentros, Solla  antecipou os projetos estaduais para atuação em três frentes: reativar unidades públicas do interior, como a de Senhor do Bonfim; instituir novos hemocentros onde já existem apenas unidades privadas, a exemplo do que ocorre em Paulo Afonso, onde a população só conta com o hemocentro do Hospital da Companhia Hidroelétrica do São Francisco (Chesf); e, criar unidades em pólos regionais onde não existem hemocentros, a exemplo da região oeste.

Com as ações de ampliação da chamada hemorede, o Estado já estará contribuindo para os projetos da Coordenação da Política Nacional de Sangue, órgão também integrante da estrutura do Ministério da Saúde. A meta é ampliar, em cinco anos, o índice médio de doações de sangue no Brasil, do atual 1,8% para 2%.

Economia

A parceria da Hemobrás com os hemocentros do país prevê um aproveitamento dos plasmas dos sangues coletados nos estados para que sejam utilizados na produção de hemoderivados, materiais usados na fabricação de medicamentos para hemofílicos e imonodeficientes. Atualmente, o país gasta por ano cerca de US$ 300 milhões com a importação de  hemoderivados, como a cola de fibrina, usada, por exemplo, no tratamento dentário de hemofílicos, em transplantes hepáticos e pequenas cirurgias.

Outro importante hemoderivado, a imunoglobulina é usada no tratamento de mais de 100 doenças, como a Aids. “O Brasil tem um excelente potencial de geração de plasma, mas na maior parte dos casos não há como se fracionar, o que a Hemobrás poderá fazer em parceria com os estados, que vão ceder material, permitindo-nos atender boa parte da grande demanda do país”, explicou Baccara.

Na Bahia, a Hemobrás também pretende contar com o apoio da Universidade Federal da Bahia (Ufba) e Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz). A fábrica de hemoderivados, a partir do fracionamento do plasma, já está sendo implantada em Pernambuco. A Hemobrás foi criada em janeiro de 2004, com estimativa de custo de implantação de US$ 55 milhões.