Índios pataxós das aldeias de Coroa Vermelha e Mata Medonha, no município de Santa Cruz Cabrália, extremo sul do estado, cumpriram hoje (7) uma agenda de encontros com autoridades estaduais. No final da tarde, foram recebidos pelo governador Jaques Wagner, na Governadoria, onde expuseram assuntos já discutidos durante o dia em reuniões com o secretário da Promoção da Igualdade, Luiz Alberto, e com a presidente da Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia (Conder), Maria Del Carmen.

Os índios aproveitaram os encontros para solicitar a liberação de recursos para o reinício das obras de construção de 250 casas nas aldeias, além da pavimentação de ruas e outros serviços de urbanização e infra-estrutura. Entre os pleitos, também está a criação de um órgão estadual de assistência ao índio, com o objetivo de aproximar as comunidades indígenas de todo o estado – não apenas os pataxós, mas também as outras etnias que ajudam a formar a população de 23 mil índios no estado. “Um órgão como esse será importante para que possamos apresentar nossos projetos”, declarou o cacique Aruã, uma das lideranças indígenas presentes.

O governador Jaques Wagner ouviu as reivindicações, que foram elencadas em um documento entregue ao secretário Luiz Alberto para análise. Segundo o cacique Aruã, as obras estão orçadas em mais de R$ 8 milhões e se encontram paralisadas desde novembro do ano passado. Além de construção de casas e melhorias habitacionais, os trabalhos incluem ações nas áreas de desenvolvimento social e comunitário. “Solicitamos também a criação de um espaço para o comércio indígena, onde poderemos vender nossos produtos”, completou Aruã.

As lideranças indígenas chegaram a Salvador na segunda-feira e ficam por aqui até sábado. A aldeia pataxó de Coroa Vermelha abriga 5 mil indígenas – é a maior do Nordeste e uma das quatro maiores do país.

Durante o encontro na Conder, os indígenas pediram o apoio do órgão na implementação de ações voltadas para a geração de trabalho e renda, como a criação de cooperativas de corte e costura, hortas comunitárias e de manipulação de produtos naturais para a fabricação de cosméticos. A presidente da Conder, Maria Del Carmen, se comprometeu a articular o encaminhamento das reivindicações a cada órgão diretamente relacionado a cada um dos pleitos citados. Segundo o cacique Aruã, as cooperativas vão absorver a mão-de-obra feminina, já capacitada em oficinas e cursos profissionalizantes (ministrados pela Conder) de corte e costura e de manipulação de produtos naturais para a fabricação de sabonetes, cremes e xampus.

Os índios explicaram que a cooperativa de hortas comunitárias será voltada para a produção de plantas alimentícias, medicinais e ornamentais. Uma parte da produção de verduras e hortaliças será destinada a incrementar a qualidade nutricional das famílias das duas aldeias e a restante vendida em feiras livres da região.

Entre as obras realizadas pela Conder na aldeia pataxó de Coroa Vermelha, estão a construção de 150 casas, reforma em outras 150 unidades já existentes, construção de 100 ocas para a comercialização de artesanato indígena e infra-estrutura – pavimentação, drenagem, esgotamento sanitário e rede de abastecimento de água.