Uma homenagem às raízes do povo baiano, a exposição fotográfica Salvador Negroamor, do fotógrafo Sérgio Guerra, foi inaugurada hoje (8) no Solar do Unhão. A exposição é formada por 1,5 mil painéis fotográficos em diversos tamanhos, que retratam negros e mestiços de bairros periféricos da capital e de comunidades de Angola. Os painéis ocupam no total mais de  9 mil metros quadrados de um extremo a outro da cidade, desde o subúrbio ferroviário até o aeroporto.

A exposição, a maior a céu aberto do mundo, fica na cidade até 15 de fevereiro e faz parte do movimento Salvador Negroamor, lançado no ano passado com o objetivo de celebrar a diversidade sócio-cultural da afrodescendência do povo baiano e fomentar a democracia entre as raças. O movimento tem ainda dois projetos relacionados a essa temática: o lançamento de um CD e de um portal na internet.

Para o secretário da Promoção da Igualdade, Luiz Alberto dos Santos, que representou o governador Jaques Wagner no evento, o trabalho resgata a identidade da capital baiana e, por extensão, de todo o estado. “Pela primeira vez, Salvador se vê na sua identidade plena, como se fosse a África transportada para a Bahia. O povo está se vendo na fotografia de Sérgio Guerra”, afirmou. 

Segundo o secretário de Cultura, Márcio Meireles, “Guerra fez com a cidade o que a gente está querendo fazer com a secretaria, lançando um olhar negro não só para Salvador mas para todo o estado, pois a população está se vendo nas fotos e revendo a cultura baiana a partir da cultura negra”. .

Guerra explicou que “a idéia é propor uma reflexão para a sociedade de que nós somos um corpo único e que esse corpo está doente e precisamos cuidar dele”. Segundo o fotógrafo, o critério que serviu de base para a exposição é dar mais  visibilidade às pessoas que a sociedade nem sempre enxerga. “Um dos primeiros resultados é ver a alegria das pessoas quando se vêem nos painéis, isso é emocionante e faz bem para a alma da gente”, refletiu.

A conselheira especial da Presidência da República de Angola, Albina Assis, disse que “a exposição aproxima ainda mais o seu país de Salvador, pois  mostra que as nossas raízes são comuns, nós estamos ligadas pelo mesmo povo”. Para ela, o trabalho é importante também para proporcionar maior cooperação entre os dois povos, “pois o Brasil é um país que está em uma via de desenvolvimento razoável e Angola pode ser beneficiada por essa aproximação”, declarou. 

Fotógrafo, produtor cultural e publicitário, Sérgio Guerra é pernambucano e mudou-se para Salvador nos anos 80. Em 1997, foi convidado pelo governo de Angola para desenvolver um programa de comunicação para o país, onde acabou por montar um acervo de cerca de 85 mil fotos das 18 províncias angolanas. Guerra é autor de cinco livros de fotografias.