A comunidade da Rocinha, um ‘quilombo urbano’ onde vivem 40 famílias, no Pelourinho, esteve hoje (4) reunida para ouvir o secretário da Cultura, Márcio Meirelles, anunciar suas novas propostas de trabalho. Na presença da primeira-dama e presidente das Voluntárias Sociais, Fátima Mendonça, ele afirmou que, durante a sua gestão, as prioridades relacionadas à cultura serão a transparência das ações e a potencialização da capacidade de produção que a Bahia e o seu povo têm.  

“O governo deve fomentar, administrar e organizar a produção cultural, mas a capacidade de produzir é da sociedade. A Bahia é um centro de pensamento sobre a cultura e é muito importante que ela seja pensada como um gerador de economia. A gente imagina e quer que a Bahia seja uma liderança no Brasil nesse sentido”, declarou.

De acordo com o Meirelles, a Secretaria da Cultura (Secult) irá trabalhar juntamente com as comunidades, os municípios e as organizações – governamentais ou não. Há interesse, inclusive, de que a cultura seja líder no alcance dos objetivos do tripé estabelecido pelo governador Jaques Wagner, calcado na saúde, na educação e na geração de emprego e renda. “Não existe educação sem cultura”, sentenciou o secretário. Ele também anunciou que, futuramente, será realizada a IIª Conferência Estadual da Cultura, com o objetivo de nortear o caminho da cultura baiana.

 Com a meta de construir novas políticas públicas para o desenvolvimento cultural, o secretário explicou que escolheu a comunidade da Rocinha para sediar o evento porque o local simboliza a abertura da gestão do governador Jaques Wagner ao diálogo com todas as representações sociais. Segundo ele, a Rocinha era um lugar invisível aos olhos da sociedade. “Isso mudou”, falou ele.

A escolha simbólica, no centro da cidade, tem a sua razão de ser. Ainda como diretor do Bando de Teatro Olodum, Márcio Meirelles teve sua equipe impedida por uma moradora de realizar filmagens do texto Ó Pai Ó no local. “Ela alegava que só entravam aqui para mostrar que eles eram marginais e criminosos, enquanto várias famílias moram aqui”, explicou.

Então, Meirelles prometeu que voltaria à Rocinha para trabalhar de uma forma diferente. “Agora como secretário, estou tendo a oportunidade de trabalhar junto com eles e todos dessa região na reforma do Pelourinho”. Em relação ao Pelô, ele destacou que qualquer reforma que houver no local só acontecerá para beneficiar todo mundo, incluindo os moradores da região, valorizando os mais variados focos da cultura popular.  

O secretário também conversou com os moradores do local, que ficaram satisfeitos com a visita. Entre eles, estava a dona de casa Nilzete de Jesus Silva, que vive no local há 35 anos e integra o Conselho Cultural dos Moradores da Comunidade Vila Esperança (antiga Rocinha). Ela afirmou que tem boas expectativas em relação ao novo governo e espera mudanças positivas. “Essa área é muito carente em vários aspectos, sobretudo em habitação e esgotamento sanitário”, declarou.

“Trataremos a cultura não como algo apenas ligado às belas artes, mas a cultura como elemento estruturante da sociedade e fundamental para outras áreas, como educação, saúde, comunicação, cidadania, proteção social, economia e desenvolvimento humano”, detalhou. Ao encerrar o seu discurso, ele destacou que o novo governo vai incluir no conceito de cultura, a riqueza das manifestações populares, as etapas criativas dos processos de produção, os valores, comportamentos e práticas que marcam a identidade do baiano e a diversidade cultural do estado.