Três seres humanos dentro de uma estrutura racista disfarçada pela afetividade. Talvez assim se possa definir Mestre Haroldo…e os meninos, peça de Athol Fugard, dirigida por Ewald Hackler, que volta a cartaz na Sala do Coro do Teatro Castro Alves a partir da sexta-feira (12), às 20 horas.

No elenco, Gideon Rosa, José Carlos Ngão e Igor Epifânio, este último no papel de um adolescente branco que desenvolve forte afetividade com os dois negros, mas não resiste ao que está dentro dele através de uma complicada estrutura familiar: o racismo.

Na primeira temporada, de outubro a dezembro de 2006, foram 33 apresentações, avalizadas pelo aplauso do público e crítica. “Pode-se dizer que rara foi a apresentação que não levou o público ao riso e às lágrimas”, conta a produtora Virgínia Da Rin. De fato, a dramaturgia de Athol Fugard, ao tempo em que propõe uma sofisticada carpintaria, seduz o público através de dois extremos: a aparente banalidade de divertidas lembranças e a sensibilidade para penetrar no que há de mais profundo da alma humana – seus conflitos interiores.

Décima segunda montagem do Núcleo de Teatro do TCA, a peça tem a direção sensível de Ewald Hackler, que propõe uma encenação desprovida de efeitos pirotécnicos e concentra todo seu trabalho na elaborada interpretação dos atores.

Para completar, a cenografia criada pelo próprio diretor com a assistência de Agamenon de Abreu provoca um efeito surpreendente sobre a platéia. Ao entrar, o público é transportado literalmente para um legítimo ambiente de um café simples de subúrbio, onde se pode ver uma velha mesa de bilhar uma juke box, objeto que terá – como tudo que  é visto no cenário – grande importância para o aparente desfecho da peça.