Depois de percorrer três estados brasileiros colhendo subsídios para a construção do Programa Nacional de Educação Ambiental de Angola (Pronea),  uma missão daquele país retornou hoje (dia 12) à sua pátria. A visita fez parte do plano de cooperação técnica, econômica e científica firmado com o Brasil, em maio de 2006, através dos ministérios do Meio Ambiente do Brasil (MMA) e de Urbanismo e Ambiente de Angola (Minua).

A angolana Joaquina Caetano, representante do Minua, fez um balanço positivo da visita dizendo que “a gestão em educação ambiental brasileira está em um nível de organização proveitoso, apesar das dificuldades expostas”. Para ela,  o próximo passo é “adaptar o que já foi visto à realidade de Angola”.

Na Bahia, onde  esteve para ver de perto experiências com educação ambiental, a missão angolana conheceu um novo conceito de gestão pública no setor, ao participar da palestra Formação em Educação – Coletivos Educadores e Construção do Estado em Rede, na última sexta-feira (dia 9), no CAB.

A palestra, proferida pelo professor da Universidade Estadual de Feira de Santana (Uesf), Luiz Ferraro Júnior, provocou a platéia, estimulando-a a refletir sobre o papel do Estado. Segundo Ferraro, “o modelo dos coletivos educadores é organizado em rede, a partir da articulação entre Estado, entidades e sociedade, e coordena ações descentralizadas para promover a educação ambiental em nível local. Ele abordou também a necessidade de implantar a educação ambiental como política pública, defendendo que “este é o caminho para o resgate da qualidade do ensino formal no Brasil”.

A proposta dos Coletivos Educadores reafirma uma lógica descentralizadora e participativa de organização, já defendida pelo Sistema Nacional de Meio Ambiente (Sisnama). Na Bahia, além da capital, outras localidades já recebem a experiência, como os municípios de Camaçari, Monte Santo e Amargosa, além de áreas do Lago de Pedra do Cavalo. A iniciativa é apoiada pela Semarh e pelo MMA.

Para o superintendente de Políticas para o Desenvolvimento Sustentável da Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh),  Eduardo Mattedi, só a Bahia ter sido um dos estados escolhidos pelo MMA para a visita da delegação angolana já demonstra a existência de um diálogo positivo com o órgão federal.

A diretora de  Educação Ambiental da Semarh, Tita Vieira, também avaliou a visita como proveitosa, convencida de que houve uma contribuição significativa  para a concepção de uma nova política pública em educação ambiental, sem perder de vista “o grande desafio da transversalidade do sistema ambiental, seja na Bahia ou em Angola”.