O modelo pioneiro de gestão integrada de águas superficiais (rios) e subterrâneas (poços), desenvolvido e aplicado pela Superintendência de Recursos Hídricos (SRH) poderá ser adotado, por sugestão da Agência Nacional de Águas (ANA), em todos os estados brasileiros. A decisão foi resultado da reunião realizada no início do mês em São Paulo para iniciar o processo de discussão, em todos os órgãos outorgantes do país, sobre a possibilidade de utilização de um modelo de disponibilidade hídrica integrado de águas superficiais e subterrâneas.

Outro modelo que também deverá ser implantado é o do Departamento de Águas e Energia Elétrica do Estado de São Paulo (DAEE). O DAEE e a SRH são os únicos órgãos do país a ter gestão integrada de águas.

Na reunião da ANA, o geólogo da SRH, Zoltan Romero, fez uma palestra sobre  O Exemplo de Cálculo de Disponibilidade Integrada da Bahia, onde destacou que a SRH não concede outorga para o uso da água subterrânea sem verificar as interferências e possíveis danos da mesma para os usuários da água superficial. O especialista explicou que esse cálculo tem como objetivo garantir os usos múltiplos da água. Segundo ele, se não for considerada a relação entre as águas subterrâneas e superficiais, existe o risco de uma delas ficar deficitária no futuro.

O geólogo explicou que um dos problemas da gestão de água subterrânea é que se um poço é perfurado perto de um rio, ele vai absorver esta água, podendo comprometer o manancial. “É preciso determinar a quantidade  de água que sai do rio e entra no poço. Se forem autorizados muitos poços, corre-se o risco de os rios ficarem sem água”, falou.

Zoltan disse que o modelo adotado pela SRH e pela DAEE são diferentes, mas têm o mesmo fim. “Ambas são eficientes porque evitam impactos no meio ambiente”, afirmou. A diferença nos modelos é a metodologia. Na SRH, se leva em conta a quantidade de água do rio que é absorvida pelo poço. Em São Paulo, é analisada a quantidade de água dos mananciais subterrâneos que drena para o rio, na metodologia denominada de fluxo de base dos aqüíferos (manancial de água subterrânea). 

A perspectiva é que os dois modelos sejam incorporados ao sistema de recursos hídricos nos estados. “Os dois métodos não são excludentes, podem ser complementares. A tendência é agregar os dois e aperfeiçoá-los para chegar a resultados mais precisos. O pessoal de São Paulo informou que vai verificar a possibilidade de implantar o nosso sistema lá. É possível que também adotemos o sistema de São Paulo aqui”, acrescentou Romero.

Para que isso aconteça, os dois modelos deverão ser apresentados pelo país afora. Dois encontros já estão programados, dentro do calendário de reunião da ANA, para discutir o assunto. O próximo será em Teresina, Piauí, no próximo dia 15  e o outro no dia 29, em Natal/Rio Grande do Norte.