Agricultores da região de Mucuri e de Nova Viçosa, no Extremo-Sul do estado, estão ampliando a área plantada de cacau. Na região onde a principal matriz econômica é o eucalipto, produtores estão buscando outra alternativa econômica: o cacau.

Um grupo desses agricultores visitou a unidade central da Biofábrica do Cacau, em Banco Pedro, no município de Ilhéus, onde anunciaram a intenção de ampliar investimentos na lavoura cacaueira utilizando mudas clonais. A região conta com 3.600 hectares de área plantada e 104 produtores de cacau.

Um desses produtores, Diómedes Picolli, que possui fazendas de variadas culturas como eucalipto, cana-de-açúcar, pecuária de corte e café, viu o cacau como a melhor alternativa econômica. Picolli, que não se considera agricultor e sim empresário rural, diz que o que mais lhe atrai no cacau é a possibilidade de diversificação com outras culturas. Em uma das propriedades, ele planta cacau consorciado com o coco, usando como referência a Indonésia.

“Meu objetivo foi implantar uma nova cultura, de forma consorciada. Eu vi um material que mostrava a experiência da Indonésia e resolvi implantar em uma de minhas propriedades”, diz o empresário. Picolli aponta a necessidade do governo brasileiro estimular a plantação como forma de preservação e estímulo à geração de renda. “Não existe forma melhor de preservação da mata atlântica do que fornecendo apoio e crédito para a manutenção da cultura cacaueira”, salienta o produtor.

Ele foi recebido pelo diretor-geral da Biofábrica, Moacir Smith Lima, e o diretor técnico, Cláudio Dessimoni, e esteve acompanhado de outros nove produtores de Mucuri e do estado do Espírito Santo. Picolli já adquiriu 45 mil mudas da Biofábrica, que foram utilizadas para a renovação de uma área de  150 hectares, há cerca de três anos e está em fase inicial de produção. Picolli usou principalmente os clones CCN 51 e Cepec Th 16. O produtor está desenvolvendo um projeto para plantar mais 100 hectares.

“Estou investindo no cacau pela sua facilidade de venda. Não existe outra cultura que tenha procura como o cacau”, diz o produtor. Para ele, a pecuária deixou de ser um bom negócio, pois rende  R$ 120 por hectare ano e precisa oferecer prazo ao comprador.

Outro produtor é Pedro Gilbert,  da Fazenda Nova estrela. Ele tem 35 hectares de cacau clonado, dos quais 20 em produção. Pedro mantém uma compra de cacau no Extremo-Sul. Ele colheu no ano passado 400 arrobas de cacau. Dos Clones utilizados por Gilbert, o que alcançou maior produtividade foi o CCN 51 (cerca de 60 frutos por planta). Ele tem também na propriedade o Ph 126, CCn 10 e América 01.

O produtor Ilson José Evangelista, de Linhares (ES), espera a liberação da venda de mudas da Biofábrica para adquirir clones e ampliar em mais 20 hectares  sua plantação de 140 hectares, das quais 35 possuem variedades clonadas. Ele planta o cacau usando seringa e banana como sombreamento. A banana ele vende nos verdurões, como são conhecidos os sacolões no Espírito Santo. “De todas as culturas, a mais rentável é o cacau”, afirma o produtor.