A elaboração do Plano Executivo de Aceleração do Desenvolvimento e Diversificação do Agronegócio da Região Cacaueira do Estado da Bahia foi destacada durante a comemoração do Dia Internacional do Cacau, realizada domingo (3), em Gandu.

O PAC do Sul da Bahia será lançado este mês pelo governador Jaques Wagner e pelo ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, e inclui ações como a retomada da produção de cacau, projetos de diversificação, apoio à agroindústria, obras de infra-estrutura e renegociação das dívidas dos produtores.

“O Sul da Bahia tem que deixar de ser apenas gerador de matéria-prima e agregar valor a produtos como cacau, banana, dendê, pupunha e outras culturas, ampliando a renda e gerando novos empregos”, afirmou o secretário de Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária, Geraldo Simões.

O secretário destacou que “a Ceplac, com a tecnologia e a assistência técnica que desenvolveu, tem um papel fundamental no processo de diversificação, que é uma das principais propostas do PAC” e lembrou ainda que “o Sul da Bahia tem um imenso potencial para a produção de biocombustíveis e o turismo”.

Com relação às dívidas dos produtores, hoje estimadas em R$ 800 milhões, Simões defendeu “uma renegociação que permita a redução dos juros em condições compatíveis com a realidade da lavoura e garanta a liberação de novos créditos”. “Temos que melhorar a produtividade do cacau, saindo das atuais 120 mil toneladas/ano para 240 mil/toneladas/ano num prazo de 5 anos”, ressaltou.

De acordo com Geraldo Simões, “o governador Jaques Wagner definiu o Sul da Bahia como área prioritária no processo de criação de novos pólos de desenvolvimento no interior do estado e o PAC terá ações que irão atingir o desenvolvimento sustentável, em que a atividade econômica contribua para preservar o meio-ambiente, já que a região cacaueira possui metade da área de Mata Atlântica original do Brasil”. “Além de preservar a natureza, o cacau responde por 14% da mão-de-obra no setor rural”, destacou.

O diretor-geral da Ceplac, Gustavo Moura, lembrou que “o agronegócio responde por 33% do PIB brasileiro e por 40% dos empregos com carteira assinada no país”. Ao defender a industrialização do cacau, Moura citou que “o agronegócio cacau movimenta R$ 600 milhões/ano, mas quando transformado em chocolate esse valor sobre para R$ 7,5 bilhões”. “Não podemos mais ser apenas a base da cadeia produtiva, mas nos organizar no sentido de que, além de produtores, nos tornemos empresários do cacau”, ressaltou.

O produtor rural Edvaldo Sampaio, de Nilo Peçanha, é um exemplo dessa mudança de mentalidade. A partir da clonagem de cacaueiros resistentes à vassoura-de-bruxa e da adoção de novas práticas de manejo, Sampaio praticamente dobrou a produção de cacau nos últimos dois anos e está investindo na industrialização. “O cacau é viável e continuará sendo nossa principal cultura. Com o apoio dos organismos oficiais o produtor tem todas as condições de superar a crise”, afirmou.

A Fazenda Nova Esperança, de Edvaldo Sampaio, recebe frequentemente a visita de pesquisadores, técnicos e produtores. “Faço questão de transmitir as novas técnicas, porque temos que abrir mão da individualidade e pensar de maneira coletiva, unindo forças pela recuperação da lavoura”, disse o produtor.

Destaques

Durante a solenidade do Dia Internacional do Cacau, a Ceplac premiou os destaques do ano em várias categorias. Lucival Rodrigues Nascimento, de Ilhéus, recebeu o prêmio de Produtor Familiar; a Associação de Moradores de Duas Barras do Fojo, em Mutuípe, foi o destaque entre as Associações de Agricultores Familiares; Alinaldo Ursulino dos Santos o destaque em Agroecologia; e Gideon Farias, de Ilhéus, o destaque em Comercialização Direta. O prêmio de Cacauicultor do Ano foi entregue a Irundy Vitória da Silva Luz, das fazendas São Jorge/Bonfim.

Ao receber o prêmio, Irundy fez um pronunciamento emocionado, dizendo que “em vez de lamentações, devemos nos unir em busca de alternativas para a região, sem depender apenas das autoridades. O cacau é mais do que uma cultura, é uma paixão que nos leva a acreditar que é possível superar a crise e atingir a sustentabilidade”.

A produtora, que fez questão de dividir o prêmio com os trabalhadores de suas propriedades rurais, arrancou aplausos ao afirmar que “em vez de ‘o cacau’, deveríamos dizer ‘a cacau’,  no feminino, porque esse é um produto que gosta de carinho e que se integra harmoniosamente  a outras culturas”.