Começam a ser colhidos nas Unidades de Experimentação instaladas nas principais regiões produtoras do Estado os primeiros cachos de bananas de plantas mais resistentes à sigatoka-negra. São os resultados das pesquisas levadas a campo pela Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola S.A. (EBDA), para identificação de variedades de banana mais produtivas e resistentes à doença, que vem dizimando pomares em todo o mundo. 

Na Unidade de Experimentação de Conceição do Almeida, instalada na Estação Experimental de Mandioca e Fruticultura Tropical, da EBDA, onde a maioria das variedades já está frutificando, o primeiro cacho colhido foi do genótipo FHIA-02, considerado precoce. Outro material que começou a ser colhido é o PA 42- 44, variedade também precoce que vem apresentando bons resultados.

“Nossa meta é desenvolver ações que garantam o fortalecimento do agronegócio da banana no estado, com ênfase nas atividades integradas de pesquisa e assistência técnica, visando oferecer alternativas viáveis de convivência com a sigatoka-negra”, disse Emerson Leal, presidente da EBDA, referindo-se às ações da empresa para atender aos produtores baianos quanto à identificação das melhores variedades de banana que sejam também resistentes à doença.

A iniciativa tem parceria com a unidade da Embrapa Mandioca e Fruticultura, que indicou os genótipos a serem avaliados, e a Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab). Foram implantadas pela EBDA 12 unidades de avaliação nos municípios de Barreiras, Bom Jesus da Lapa, Conceição do Almeida, Utinga, Itabuna, Wenceslau Guimarães, Juazeiro, Glória, Campo Formoso, Ponto Novo, Teixeira de Freitas e Barra do Choça. Com a maioria das plantas já frutificando, começam os trabalhos de identificação das variedades mais promissoras para cada região.

O engenheiro agrônomo Jorge Silveira, pesquisador da empresa e coordenador dos trabalhos, informou que em cada unidade estão sendo testadas 18 variedades, sendo 15 resistentes à sigatoka-negra e três variedades tradicionais, suscetíveis à doença. “Este trabalho de pesquisa vai selecionar pelo menos uma variedade de bananeira que, sendo resistente à sigatoka-negra, também possua características comerciais, para que possa ser introduzida no sistema de produção dos agricultores baianos”, explicou o pesquisador.

A sigatoka-negra é um mal considerado gravíssimo, que pode destruir todo um pomar, causando prejuízos de até 100% aos produtores. No Brasil, as variedades tradicionalmente cultivadas são suscetíveis à sigatoka-negra – doença identificada nos estados de São Paulo, Amazonas, Minas Gerais, dentre outros. A Bahia, que é considerada zona livre de sigatoka-negra, busca alternativas de controle para apoiar os bananicultores que, na sua maioria, são agricultores familiares que dependem da cultura para a subsistência.

“É importante salientar que a variedade a ser selecionada para cada região deve apresentar uma série de condições favoráveis à produção”, esclareceu Manuel Soares, pesquisador da empresa e também um dos responsáveis pelo experimento.

Soares informou que as características mais importantes para o plantio comercial são: altura da planta – o porte baixo facilita o manejo; peso, tamanho e produtividade do cacho; tempo entre o plantio e a colheita – ciclo mais curto permite maior produção; comprimento, diâmetro e peso dos frutos; sabor e quantidade de açúcar do fruto – definem a aceitação pelo mercado consumidor e, por conseqüência, a preferência de plantio pelo agricultor; e a resistência a pragas e doenças.

Até a indicação das melhores variedades para cada região, ainda serão observados os resultados de mais dois cortes de cachos produzidos a partir da planta-mãe (planta que produziu o primeiro cacho).