Representantes da Rede Baiana de Biocombustíveis (RBB) conheceram a proposta do Programa Baiano de Produção e Uso de Biodiesel, ontem (30). Entre as prioridades do programa, foram destacados o fortalecimento da produção de matéria prima, a inserção da agricultura familiar na cadeia produtiva, a qualificação de comunidades agrícolas e a ampliação da rede tecnológica e laboratorial. A reunião aconteceu na sede da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti), responsável por coordenar o programa.

De acordo com o secretário de CT&I da Bahia, Ildes Ferreira, o programa já está em operação, mas suas atividades estão sendo ordenadas num documento que servirá de base para a atuação do governo estadual nos próximos anos. “Este é um tema que envolve diversos setores e o debate é justamente o caminho para a estruturação do programa de forma participativa. Nossa expectativa é que em meados de junho o programa seja apresentado ao Governador e incorporado ao Plano Plurianual”, explicou.

A histórica falta de investimentos da Bahia na diversificação da matriz energética foi destacada pela coordenadora do Programa Baiano de Produção e Uso de Biodiesel, Telma Andrade. “A matriz energética da Bahia é composta por 73% de energia não renovável. No Brasil, este índice é de 40%”, declarou. Telma explica que o governo está somando ações para transformar esta realidade e tornar a Bahia um referencial na produção e uso de energias alternativas.

Porém, ela pontua que o desafio é grande. “Apesar da Bahia possuir diversas oleaginosas que servem como matéria-prima para o biodiesel, esta produção ainda não é satisfatória para atender a crescente demanda das indústrias que estão se instalando em solo baiano”.

Distribuição de sementes e capacitação

O diretor da Superintendência de Agricultura Familiar da Secretaria de Agricultura e Reforma Agrária (Seagri), Wilson Dias, explicou que o Governo do Estado pretende distribuir sementes de alta qualidade de oleaginosas, a exemplo do amendoim e mamona, para uma melhor produtividade, além de fomentar a inserção de outras culturas, como a do pinhão manso e o girassol. “Outra ação é a assistência técnica, que vai permitir uma melhor capacitação do agricultor familiar e maior produtividade das lavouras”. Dias destaca que devem ser inseridas na cadeia produtiva do biodiesel cerca de 100 mil famílias de agricultores familiares até 2010.

Em relação à inserção da agricultura familiar, Telma explica que idéia é fazer com que o agricultor não venda apenas a matéria-prima bruta, mas que tenha acesso, através de cooperativas, a unidades esmagadoras de oleaginosas, para que já possa comercializar o óleo, que possui maior valor agregado.

O secretário de Desenvolvimento e Integração Regional, Edmon Lucas, destacou que já existem recursos do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (Fida) para a implantação de duas esmagadoras em regiões produtoras de mamona. “A decisão sobre a localização exata destas unidades está sendo debatida com a participação de representantes dos territórios do Sisal, Semi-Árido Nordeste II e Itaparica”, informou.

A Rede Baiana de Biocombustíveis é coordenada pela Secti e formada por diversas instituições que possuem aderência com o tema biodiesel e que interagem entre si a fim de apoiar as ações do Programa de Biodiesel. Sua missão é liderar o processo de definição e implementação de ações para que a Bahia se torne o estado mais competitivo no segmento de produção e comercialização de combustíveis alternativos.